COLISEU: A MAIOR BATALHA DE RIMAS DO BRASIL É CARIOCA

Hoje, os MCs do Coliseu são referência no ramo

Caroline Rocha

A revista Rio Já se rende à maior batalha de rimas do país e publica esta reportagem obedecendo à poesia do hip-hop carioca

O Rio de Janeiro é pioneiro na arte da batalhas de rimas. Após mais de 20 anos do surgimento da Batalha do Real, primeira roda cultural do Brasil, a cidade voltou a roubar a cena. Maior batalha de rimas do estado e “Top 3” do país, o sucesso da Batalha do Coliseu não é para menos: os MCs fazem parecer fácil transformar ideias desconexas ritmicamente em poesias emocionantes “de bate-pronto” – como faz Allan Freestyle, gestor do Coliseu e rimador desde 2008, nesta reportagem escrita a quatro mãos.

Nas noites de terça-feira

Na Praça da Bandeira

Centenas de jovens

Fazem do espaço um grande baile

Todos unidos por um ideal

E o amor pelo freestyle

Vindo dos guetos de Nova York,

Freestyle é a arte do improviso

Ele faz parte do Hip-hop,

Que é cultura e compromisso

Os rimadores que dominam as batidas

São chamados de MCs

Ringue lírico, em São Cristóvão

“A rima que nos trouxe aqui”

No coração da Zona Norte,

Emerge a plateia enérgica

Agora reduto de batalhas:

Invasão poética

Uma das maiores do Brasil

O movimento cresceu

Bem-vindo a maior do Rio:

A batalha do Coliseu!

Ali ideias desconexas

Se transformam em um instante

Resignificadas por poetas,

Viram declamações emocionantes

O amante do freestyle não

aplaude quem decora

Bate-pronto e improviso: tudo é feito na hora!

Em cinco anos de existência,

A roda se desenvolveu

Os artistas são reconhecidos

Na Batalha do Coliseu

Já o Hip-hop nasceu há décadas

Não julgue o livro pela capa

Essa é só a continuação da história

Que se iniciou na Lapa

Hoje, os MCs do Coliseu são

 referência no ramo

Seus sonhos ganham asa

A valorização do “trampo”

Começa dentro de casa

Para se desenvolver nas ruas

Preciso lidar com a crítica,

Lutar, gerar renda e

Ter consciência política

O povo ocupa a praça

O povo faz arte

Toda noite garantindo

16 grandes combates

Mc´s declamam rimas

De defesa e de ataque

E a plateia inflamada

Também faz a sua parte

Um cântico toma a praça:

“Só um sobreviveu

Bota a mão pro alto,

É a batalha do Coliseu!”

A equipe concentrada

Em cada movimento

Produz vídeos e registra

Esse entretenimento

Na praça é tudo de graça

Só botar a mão pro alto

Quem não comparece

Busca na “net”

E assiste ao espetáculo

Os meios evoluíram

Criaram novas normas

Hoje as batalhas são postadas

Em diversas plataformas

As rimas alcançam as massas

E invadem corações

Na internet, procuradas

E assistidas por milhões

Não é fácil persistir

No caos do Rio de Janeiro

Na busca por patrocínio e recurso financeiro

O diálogo por licenças é sempre uma luta dura

Antes de invadir a praça, visitar a prefeitura

De 2019 a 2022, na principal praça do Méier

Promovendo cultura grátis

Fazendo a alegria da plateia

Mas no paraíso também cai tempestade

Desconhecendo atividade, diversidade e valores

Movimento impedido pela subprefeitura da cidade

Por reclamação de moradores

Anos depois, mudou o bairro

Mudou a praça

Mas nunca o objetivo

Parar não é uma opção!

O Coliseu continua vivo

Parar nunca será uma opção

Pro hip-hop em sua essência

“Antes de sermos Coliseu,

Seremos sempre resistência”