O PROJETO AQUARIUS ESTÁ DE VOLTA

Os jovens de hoje custam a acreditar. Mas nos anos 1970 a programação televisiva se limitava a não mais de quatro canais. O país vivia a era mais dura da Ditadura Militar e eventos culturais volta e meia enfrentavam problemas com a repressão. Por essas e outras uma grata atração eram as apresentações da Orquestra Sinfônica Brasileira em locais públicos, como o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana ou a Quinta da Boa Vista, transmitidos ao vivo para todo o Brasil pela TV Globo. Era o Projeto Aquarius, que permitiu a milhares de pessoas o primeiro contato com a música clássica. Passados 50 anos, sendo sete sem apresentações, ele está de volta, com uma apresentação prevista para 6 de agosto, na Praça Mauá. O nome do maestro convidado e o repertório ainda serão definidos, mas a proposta é que o concerto de retorno seja inspirado nas cinco décadas de história do Projeto Aquarius, uma realização do GLOBO com apresentação do Instituto Cultural Vale. Nesses tempos duros que vivemos é como se fosse um sopro de ar puro.

Idealizado pelo jornalista Roberto Marinho (1904-2003), por Péricles de Barros (1935-2005), então gerente de Promoções do GLOBO, e pelo maestro Isaac Karabtchevsky, o projeto voltado à formação de público e inclusão cultural rompeu o estigma de que música de concerto não encontraria público fora de casas como Theatro Municipal e Sala Cecília Meireles. Em 30 de abril de 1972, Karabtchevsky regeu a Orquestra Sinfônica Brasileira diante de um público de cem mil pessoas no Aterro do Flamengo, com um repertório com obras de Carlos Gomes, Tchaikovsky, Villa-Lobos e Lorenzo Fernandes.

“No primeiro concerto, estávamos preocupados: será que o público viria atraído por Carlos Gomes, Villa-Lobos e outros compositores? A grande surpresa foi o afluxo de cem mil pessoas”, lembrou Karabtchevsky em entrevista ao jornal O GLOBO: “O Rio jamais tinha presenciado espetáculos de música de concerto em recantos da cidade a não ser aqueles em que Villa-Lobos dirigia cantos orfeônicos, com capacidade limitada”.

Após a estreia, o projeto conquistou outras metas ambiciosas, como a apresentação de “Eros-Thanatos”, balé do coreógrafo francês Maurice Béjart, no Maracanãzinho, em 1981. Ou a montagem da ópera “Aída”, de Verdi, que, com duas horas de duração e cantada em italiano, foi vista por 200 mil pessoas na Quinta, em 1986. Ou ainda o Balé Bolshoi com “Don Quixote” em 1989, diante de 180 mil espectadores, também na Quinta.

Foi nas fusões entre gêneros que o Projeto Aquarius mostrou uma de suas características mais inovadoras. Em 1975, Rick Wakeman, tecladista da banda inglesa de rock progressivo Yes, apresentou-se com a OSB no Maracanãzinho. Em setembro de 1984, meses antes da primeira edição do Rock in Rio, Barão Vermelho e Blitz participaram de um concerto para 50 mil pessoas na Praça da Apoteose (inaugurada em março daquele ano), antecipando um casamento entre rock e clássico que se repetiria em shows pelas décadas seguintes. Em 1983, o repertório com sucessos dos Beatles foi regido por ninguém menos do que George Martin, produtor e arranjador do quarteto de Liverpool, na Quinta da Boa Vista. E em 2015, na 43ª edição do Aquarius, que celebrou os 90 anos do jornal O GLOBO, o público presente na Cinelândia vibrou com as participações da bateria da Mangueira e do Dream Team do Passinho. Para o maestro Isaac Karabtchevsky, a “liga” entre música de concerto e demais gêneros está na qualidade: “A música vem da mesma fonte universal, onde surgem suas diversas vertentes, seja o clássico, a MPB, o jazz, o rock. O Aquarius comprova há décadas que o grande público reconhece o que tem qualidade. No caso da música de concerto, mesmo quem não tem o contato frequente tem a sensibilidade de reconhecer o valor daquele repertório”.

Outro maestro importante na história do Aquarius, Roberto Minczuk reforça que, por mais que o público acredite não ter relação com o repertório clássico, a familiaridade já começa desde a infância.”O primeiro contato com a música sinfônica geralmente é por meio dos desenhos animados, dos videogames. Ao assistir a grandes sucessos do cinema, estamos ouvindo alguns dos maiores compositores da nossa época, como John Williams e Danny Elfman. Nos concertos do projeto, as pessoas veem o instrumental por trás daquelas músicas que já conheciam sem nem se dar conta”,  comenta o maestro titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo: “Muita gente até hoje fala comigo sobre alguma apresentação que viu no projeto, alguns contam que decidiram se profissionalizar na música depois de um concerto. São sementes que vamos plantando”.

Para Luiz Eduardo Osorio, vice-presidente executivo de Relações Institucionais e Comunicação da Vale e presidente do Conselho do Instituto Cultural Vale, iniciativas como o Aquarius ampliam as perspectivas de futuro do público: “É com orgulho que o Instituto Cultural Vale se junta ao Projeto Aquarius em seus 50 anos, reafirmando que a música de concerto é de todos e para todos os públicos. Neste momento de retomada, ações como esta, em espaços abertos e com acesso aos mais diversos públicos, são essenciais para fortalecer o papel transformador da cultura em nossas vidas e ampliar possibilidades, muito além do tradicionalmente esperado, trazidas por ela”.

Confira abaixo alguns dos principais momentos da história do Projeto Aquarius:

1972 — CONCERTO DE ESTREIA

As primeiras notas musicais do Projeto Aquarius foram da “Alvorada”, da ópera “O escravo”, de Carlos Gomes, no dia 30 de abril de 1972, no Parque do Flamengo. Os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira, os cantores da Associação de Canto Coral e o maestro Isaac Karabtchevsky se apresentaram com roupa esporte, dando o tom do projeto, que desde o início procurou tirar a aura de formalidade da música clássica e aproximá-la do povo. No fim do concerto, a multidão de cem mil pessoas entoou animada o Hino da Independência com a orquestra e o coro. O programa teve, ainda, obras de Tchaikovsky, Villa-Lobos e Lorenzo Fernandes.

1975 — RICK WAKEMAN

A parceria entre o tecladista Rick Wakeman, da banda inglesa de rock progressivo Yes, e o maestro paulistano Isaac Karabtchevsky mostrou que o Projeto Aquarius prezava pelo ecletismo desde sua origem. Criado apenas três anos antes, o evento apresentou para 25 mil pessoas, no Maracanãzinho, as obras “Mitos e lendas do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda” e “Viagem ao centro da Terra”, compostas por Wakeman, em três concertos que uniram a OSB e a banda English Rock Ensemble, durante dois dias. A iluminação com feixes de laser foi uma novidade na época, vista pela primeira vez no Brasil nesse espetáculo, que passou por São Paulo e Porto Alegre antes de chegar ao Rio. Dois monstros infláveis completavam a cenografia. Um dos fãs do inglês era Roberto Carlos, que subiu ao palco para abraçá-lo. “Wakeman soube aproveitar bem os recursos da música clássica”, lembra Karabtchevsky.

1981 — MAURICE BÉJART

No Maracanãzinho, 15 mil pessoas foram a cada uma das duas sessões de “Eros-Thanatos”, uma síntese dos 20 anos da obra do coreógrafo francês Maurice Béjart, dançada pela sua famosa companhia Balé do Século XX, com 70 bailarinos. O espetáculo rendia homenagem a dois integrantes do grupo mortos em acidentes de carro, em 1967 e 1980. O ponto alto era o número final, em que o bailarino Jorge Donn dançava o “Bolero” de Ravel e era envolvido por 24 mulheres. Ele chegou a se irritar com o público carioca e ameaçou parar a performance se continuassem a fotografá-lo com flash. No fim, foi agraciado com 15 minutos de aplausos. Após a segunda sessão, os bailarinos foram jantar na churrascaria Rincão Gaúcho e alguns se arriscaram a dançar samba. A trupe de Béjart já havia se apresentado no Maracanãzinho dois anos antes, também dentro do Projeto Aquarius.

1981 — O GRITO DO IPIRANGA

Foi feita uma reconstituição do Grito do Ipiranga, de D. Pedro I, in loco, no dia 7 de setembro de 1981. O Comando Militar do Planalto, em Brasília, enviou 37 cavaleiros do famoso regimento Dragões da Independência, que acompanhava D. Pedro na ocasião do grito da independência. O papel do príncipe regente foi interpretado por um tenente de um regimento da Polícia Montada de São Paulo. O público ficou tão empolgado que subiu ao palco onde a OSB estava. O pianista Arthur Moreira Lima, que tocou Tchaikovsky com a orquestra, ficou cercado de espectadores a seus pés. O público chegou a invadir uma área VIP restrita a generais e subiu em torres de som. Mas não houve violência, e a independência foi proclamada de forma pacífica. Dois anos depois, a Quinta da Boa Vista também foi palco de um Concerto da Independência, com participação dos Dragões da Inconfidência, de Minas Gerais, que também compunham a guarda de Dom Pedro em 1822. Além deles, havia cerca de 500 artistas, entre músicos, coralistas, bailarinos e atores. O público aplaudiu o momento em que D. Pedro arrancou os laços de sua roupa, simbolizando a ruptura com Portugal, e se impressionou com o encerramento ao som da “Abertura 1812”, de Tchaikovsky, com fogos de artifício e tiros de canhão.

1984 — ROCK CONCERTO

Um dos mais ousados concertos (ou seria um show?) do Projeto Aquarius foi realizado na Praça da Apoteose. Temas de músicas de sucesso do Barão Vermelho e da Blitz foram adaptados pelo produtor Guto Graça Melo para uma formação coral-sinfônica que incluía as duas bandas de rock. O resultado foi a “Fantasia para dois grupos de rock, duas orquestras e coro”, com participação da OSB, da Sinfônica do Teatro Municipal e do Coro do Teatro Municipal, com regência de Isaac Karabtchevsky. A obra começou com “O trenzinho do caipira”, de Villa-Lobos, turbinada com guitarras, e prosseguiu mesclando trechos de obras sinfônicas com temas como “Pro dia nascer feliz”. Rostos jovens estampavam a maioria do público de 50 mil pessoas, que dançava de tudo, fosse “O danúbio azul”, de Strauss, ou “Beth Balanço”, na voz de Cazuza. O espetáculo acabou com uma queima de fogos. “Foi a primeira vez em que o Barão participou de algo dessa dimensão e foi ótimo tocar com tantos músicos de primeira categoria”, disse Guto Goffi, baterista do Barão.

1985 — SINFONIA DOS DOIS MUNDOS

Autor da música da “Sinfonia dos dois mundos”, o padre suíço Pierre Kaelin veio ao Rio assistir à apresentação de sua obra, cuja letra fora escrita por Dom Hélder Câmara. Acompanhados da Orquestra Sinfônica Brasileira e de quatro grupos corais, Fafá de Belém e o barítono Carmo Barbosa cantaram o texto, que condenava a violência e pregava a fraternidade, diante de 120 mil pessoas, na Quinta da Boa Vista. O próprio Dom Hélder participou do evento recitando trechos narrativos da obra. Fafá, que não sabia ler partitura, decorou tudo e ensaiou mais de 30 horas em duas semanas. Ela ainda teve o sobressalto de acordar rouca no dia do concerto, mas se recuperou com exercícios vocais. Outro convidado especial foi Roberto Frejat, do Barão Vermelho, que tocou guitarra com a orquestra no “Bolero” de Ravel. Era o Ano Internacional da Juventude.

1986 — AIDA

A ópera de Verdi representou um desafio por dois motivos. Com mais de duas horas de duração e cantada em italiano, ela poderia cansar o público. Além disso, a cenografia era muito ambiciosa. A solução para o primeiro problema foi projetar legendas em português, prática que ainda não era comum na época. Para o segundo, construiu-se um palco grande e reforçado. Entre os “figurantes”, havia cavalos e elefantes de verdade. “A personagem Amnéris normalmente entra em cena numa embarcação, e foi feito um grande barco egípcio para essa montagem. Era impressionante. Lembro também que não havia ainda microfones portáteis, daqueles que os cantores colam na testa. Então, havia pessoas carregando microfones que seguiam os cantores em cena”, contou Karabtchevsky. A resposta do público foi surpreendente: 200 mil pessoas acompanharam a ópera atentamente, abarrotando o gramado da Quinta da Boa Vista e ocupando o seu lago, de água gelada.

1987 — CENTENÁRIO DE VILLA-LOBOS

O Conselho Internacional de Música da Unesco estabeleceu o Ano Internacional Villa-Lobos em 1987, data do centenário de nascimento do compositor. O Projeto Aquarius prestou sua homenagem com um programa cujas 11 obras eram dele. Começava com um trecho das “Bachianas Brasileiras nº 7” e terminava com “Descobrimento do Brasil”. Entre os solistas convidados, estavam o pianista Wagner Tiso (em “Choros nº 10”, “O trenzinho do caipira” e outras peças) e o cantor Eduardo Dusek (em “Samba clássico”). A maior curiosidade do concerto foi contar com um coro de 5 mil vozes do Colégio Pedro II, evocando os famosos corais orfeônicos organizados por Villa-Lobos, no que foi o mais ambicioso programa de educação musical que o Brasil já teve. O público da Quinta da Boa Vista embarcou na canção “Viva o sol” e somou cem mil vozes às dos alunos do Pedro II. No meio da multidão, uma das vozes mais afinadas era a de Milton Nascimento.

1987 — BALÉ NACIONAL DE CUBA

A companhia fundada pela lendária bailarina Alicia Alonso, em 1948, em Havana, dançou oito peças num palco montado na Quinta da Boa Vista. O ponto alto do programa foi uma versão da opereta “A viúva alegre”, dançada pela própria Alicia. Aos 67 anos e já com a visão bastante prejudicada, ela se orientou por marcações luminosas no palco, feitas com fita fluorescente. A plateia ficou emocionada.

1989 — BALÉ BOLSHOI

Meia hora antes do início do concerto, começou um vendaval, e os cenários pintados a mão trazidos pelo Balé Bolshoi, de Moscou, começaram a rasgar. Os bailarinos russos não se intimidaram com o risco de se desequilibrar pela ventania e decidiram manter a apresentação, para alegria das 180 mil pessoas que estavam na Quinta da Boa Vista. Mas os cenários do balé “Don Quixote”, com música de Minkus e coreografia de Gorski, precisaram ser retirados. No lugar deles, entrou a narração, feita por alto-falantes, do diretor geral do Aquarius, Péricles de Barros, que descreveu a ambientação de cada cena.

1993 — GEORGE MARTIN E A MÚSICA DOS BEATLES

Convidado para reger músicas dos Beatles com a Orquestra Sinfônica Brasileira, uma banda de rock e dois coros petropolitanos, o maestro George Martin, famoso produtor e arranjador dos Fab Four, teve que enfrentar um temporal para não decepcionar o público. Os 40 mil espectadores que compareceram à Quinta da Boa Vista saíram do concerto encharcados, assim como o maestro e os coristas, mas de alma lavada. A OSB não conseguiu tocar, porque os instrumentos da orquestra corriam o risco de ser danificados pela água. Guarda-chuvas doados por gente da plateia garantiram uma cobertura improvisada para a banda de rock. Com uma hora e meia de atraso, “Because” abriu o show, e a multidão cantou junto várias músicas, como “Hey Jude”.

2004 — A DANÇA DA CHINA

Mais de cem mil pessoas foram à Enseada de Botafogo ver um programa que se dividia em balé moderno e dança tradicional chinesa. A primeira parte teve “A sagração da primavera”, balé emblemático do século passado com música de Stravinsky, apresentado pela Companhia de Dança Moderna de Pequim. Sua estrela era a bailarina Gao Yanjinzi, então com 28 anos, de 1,50m de altura e tratada como popstar em seu país. A segunda parte foi estrelada pelo Balé Folclórico de Sichuan, que levou ao palco, por cerca de 40 minutos, uma compilação de sete números de danças étnicas e acrobáticas, encerrada com o misterioso número da “troca de máscaras”, em que um artista muda de máscara várias vezes em frações de segundo ao virar o rosto. O truque é tão sigiloso que o astro exigiu um camarim exclusivo, trancado a chave e com segurança na porta.

2006 — SINFONIA DOS MIL

O compositor austríaco Gustav Mahler, incompreendido em sua época, foi muito bem recebido pelo público do Aquarius. A primeira experiência foi com a sua segunda sinfonia, “A ressurreição”, regida por Roberto Tibiriçá, em 1997, na Enseada de Botafogo. É uma sinfonia extensa, com uma hora e meia de duração, e que exige uma grande formação orquestral e um coro. O espetáculo, estrelado pela OSB e pelo Coro do Teatro Municipal, atraiu cem mil pessoas e teve projeção de imagens e encenação teatral. Em 2006, uma sinfonia ainda mais grandiosa de Mahler, a “dos Mil”, foi realizada na Praia de Copacabana. Isaac Karabtchevsky, que a regeu, é categórico: “Este foi o ponto máximo do Aquarius. É uma obra raramente executada em qualquer lugar do mundo. Foram necessários um coro de 500 vozes, duas orquestras (a Petrobras Sinfônica e a Sinfônica de Porto Alegre) e cantores solistas. Apesar dessa grandiosidade e do final bombástico, a sinfonia tem momentos introspectivos, de profunda reflexão. Embora não entendesse alemão, o público compreendeu que a música tinha uma conexão com a natureza, e o ruído das ondas do mar veio a calhar, realçado pelo silêncio absoluto da plateia.” Nos bastidores, surgiu a expressão “maldição Mahler”, já que as duas sinfonias tiveram que ser adiadas várias vezes por causa de temporais.

2007 — SONS DO BRASIL

Na celebração de 35 anos do Aquarius, os ritmos e as etnias formadoras da cultura brasileira foram lembrados. A narrativa musical, a cargo da Petrobras Sinfônica com o regente Isaac Karabtchevsky, começou com “O guarani”, de Carlos Gomes, compositor do fim do século XIX que estudou na Itália. O pianista Wagner Tiso empolgou o público reunido na Praia de Copacabana com uma interpretação do clássico “Eu sei que vou te amar”, de Tom Jobim. O Nordeste foi representado por “Concerto sinfônico para Asa Branca”, de Sivuca, com Toninho Ferragutti no acordeom. Mas o momento mais emocionante foi com “Carinhoso”, de Pixinguinha, em arranjo do saxofonista Carlos Malta. “Eu estava recém-enviuvado e me lembrei de minha esposa, Ana Maria Malta, ao tocar, porque ela gostava desse arranjo que fiz para ‘Carinhoso’. Foi uma ocasião muito significativa”, lembrou Malta.

2012 — A MÚSICA SOBE O MORRO

Sob a regência do maestro Roberto Minczuk, os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) encantaram o Complexo do Alemão na noite de 10 de dezembro de 2012. Quatro mil pessoas foram à estação do teleférico do Morro do Adeus para acompanhar o concerto que comemorava os 40 anos do Projeto Aquarius. A festa começou às 21h ao som de “O morcego”, de Johann Strauss II, e seguiu com as “Bachianas brasileiras nº 4”, de Heitor Villa-Lobos. Logo depois, uma apresentação de balé do Centro de Dança Rio arrebatou a todos. Apresentado pela atriz Regina Casé e pela jornalista Ana Paula Araújo, o espetáculo provocou muitas expressões de encantamento. Parte do público jamais havia assistido a um concerto de música clássica.

2014 – NOITE CINEMATOGRÁFICA

Há filmes que ficam marcados poe uma bela fotografia. Há os que se tornam memoráveis pelos diálogos afiados. Há os que não saem da cabeça por atuações magistrais. Mas há os que viram clássicos impulsionados por uma trilha sonora sublime. Aqueles em que basta ouvir os primeiros acordes do tema para que toda a história venha imediatamente à cabeça. Assim são os clássicos em que o compositor americano põe as mãos. E foi essa a sensação que uma plateia de oito mil pessoas teve na noite de 13 de dezembro de 2014, no Forte de Copacabana, durante a 42ª edição do Projeto Aquarius, que homenageou a carreira de Williams no cinema. Durante cerca de uma hora e quarente minutos de concerto, o maestro Roberto Minczuk, regendo a Orquestra Sinfônica Brasileira, enfileirou hits de filmes como “ET”, “Tubarão” e “Indiana Jones”. Foi como se multidão estivesse assistindo ao menino pedalar sua bicicleta no céu, com o amigo extraterrestre de carona, sentindo calafrios pelo grande tubarão branco que rondava à espreita ou torcendo pela busca da arca de um caçador de relíquias. O repertório da noite incluiu também, entre outras, trilhas de sucesso como as dos filmes “Jurassic Park”, “Harry Porter” e “A lista de Schindler”.

2015 – A FESTA DOS RITMOS

A apresentação do Projeto Aquarius de 2015, em sua 43ª edição, teve o gosto especial de ter marcado os 90 anos do GLOBO. Num palco armado na Cinelândia, a música clássica misturou-se ao samba e ao funk, unindo a Orquestra Sinfônica e o Coro do Theatro Municipal à bateria da Mangueira, com uma pitada da batida funk do Dream Team do Passinho. Foram 90 minutos de um espetáculo que emocionou uma plateia de 11 mil pessoas. O show foi conduzido pelo maestro Isaac Karabtchevsky.

Com informações do jornal O GLOBO e do projeto Memória Globo