Para marcar os dois séculos da Independência do Brasil, uma exposição, no Museu Histórico Nacional, relembra a grande comemoração de 100 anos atrás. O evento, em 1922, mostrou um país moderno para a época, mas com problemas que enfrenta até hoje. Há 100 anos, a festa foi grandiosa. Imagens mostram as construções erguidas somente para a exposição Universal, um dos maiores eventos internacionais realizados no Brasil até hoje, que contou com a presença de mais de 20 chefes de estado.
Foram 11 meses de comemorações, planejadas com dois anos de antecedência. Catorze países montaram pavilhões que atraíram 3,5 milhões de visitantes. E logo na abertura, um feito marcante: a primeira transmissão de rádio do Brasil – primeiro, com discursos; depois, com a ópera “O Guarani”, de Carlos Gomes.
O objetivo era mostrar ao mundo uma nação moderna que seguia as novidades na moda e na artes, e também acompanhava os avanços da ciência, da indústria. Mas o dinheiro gasto nas comemorações despertou críticas que ficaram registradas na imprensa da época. O Congresso liberou 100 mil contos de réis para a comemoração, quantia exorbitante na época. No mesmo ano, uma grave seca no Nordeste causou milhares de mortes.
O presidente Epitácio Pessoa decretou estado de sítio por causa da revolta militar em Copacabana que ficou conhecida como “Os 18 do Forte”. E muitas famílias passavam dificuldade por causa da inflação.
“Interessante como a gente vê que alguns problemas retornam, como a questão da fome, do preço da luz, da energia, quando a gente pensa nos aumentos do preço da gasolina. Então, a gente vê um pais que se modernizou, por um lado, e por outro lado continuou com muitas mazelas sociais”, explica a antropóloga Ana Teles da Silva.
Mas, nas revistas, a cidade do Rio de Janeiro era anunciada como a vitrine da nação que se orgulhava dos avanços após a Primeira Guerra Mundial e da vitória contra várias epidemias, como a gripe espanhola. Descobrir como foram as comemorações do centenário da Independência causa espanto nos visitantes.
“Vivi aqui no Rio de Janeiro a minha vida toda e nunca tive noção de que tinha sido feita esse tipo de arquitetura, tudo para uma comemoração. Me deu um sentimento de uma nostalgia de um tempo que eu não vivi, mas um saudosismo dessa época”, diz a pesquisadora e botânica Sarah Domingues Ricardo.
O Morro do Castelo, onde começou a ocupação do Rio, foi destruído para abrir espaço para os prédios da exposição de 1922. Somente quatro existem até hoje. Entre eles, a sede da Academia Brasileira de Letras e o próprio Museu Histórico Nacional, onde foi montada a exposição.
“A gente tem que conhecer a história para não repetir erros para o futuro, tem que estar sempre relembrando, buscando. Quando a gente não sabe, buscar, aproveitar os museus, centros de memória para gente estar realmente lembrando e vendo realmente o que aconteceu”, afirma Sarah Domingues.
Com informações do Jornal Nacional