No próximo dia 27/9, será dada a larga em Paraty da 18° edição do Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia, uma das mais importantes referências dos festivais brasileiros, atraindo um público de toda a América Latina, apresentando convidados internacionais de primeira grandeza e as melhores expressões do país.
O Paraty em Foco chega à 18ª edição mantendo a proposta de reunir nomes consagrados e jovens talentos das diversas vertentes da fotografia, sempre com a qualidade dos trabalhos como característica em comum. Ao atingir a “maioridade”, os organziadores agradecem a todas as convidadas e convidados pela generosidade de compartilhar suas experiências e olhares nessa festa anual.
Este ano serão exibidos trabalhos de 29 profissionais, além da tradicional premiação Selfie em Foco. O fotógrafo homenageado desta edição é Evandro Teixeira, que em mais de 50 anos de atividade, viu seu nome e trajetória se confundirem com a do JORNAL DO BRASIL, onde trabalhou por décadas.
Nascido em 1935, Evandro Teixeira saiu de Irajuba, na Bahia, povoado a 307 quilômetros de Salvador, para fotografar o Brasil. E fez isso tão bem que é difícil dissociar seu nome de qualquer evento no país na segunda metade do século XX. Em quase 70 anos de atividade, 47 deles no Jornal do Brasil, registrou o golpe militar de 1964 e as manifestações estudantis de 1968, eternizou em imagens icônicas Pelé e Ayrton Senna, acompanhou a visita da Rainha Elizabeth e do papa João Paulo II, documentou fome e pobreza, mas também carnaval e festas populares. Política, esporte, moda, comportamento, nada escapou às suas lentes.
Esse conjunto monumental, com mais de 150 mil fotografias, está desde novembro de 2019 sob a guarda do Instituto Moreira Salles. São mais de cem mil negativos, e também tudo o que diz respeito às suas quase sete décadas de trabalho, das quais 47 anos num só veículo de imprensa: o Jornal do Brasil. Fazem parte do acervo equipamentos variados, como suas primeiras câmeras e aparelho de telefoto, além de revistas, livros, recortes de jornais, cartazes e catálogos de exposições. Além de sua produção no JB, o arquivo de Evandro Teixeira inclui projetos independentes, como a farta documentação que fez de Canudos. O trabalho está no livro Canudos – 100 anos, mas para além dele e dos negativos de vários anos de trabalho, há toda uma história de bastidores da sua aproximação com os descendentes do massacre no sertão da Bahia.
A obra de Evandro Teixeira é, portanto, expressão plena deste compromisso do fotojornalismo com o testemunho direto da realidade do país e com a liberdade de expressão, essenciais tanto em nosso passado recente como ainda hoje.