Se vivo fosse, sua majestade, o imperador Dom Pedro II, estaria exultante! O restaurante Sobrado da Cidade, inaugurado em agosto, no início da Rua do Rosário, ali bem pertinho do CCBB, abriu um espaço em homenagem à cerveja Black Princess, tida como a preferida do último monarca brasileiro. Construído em parceria com o grupo Petrópolis, o local vem agregar valor ao contexto histórico do Sobrado, um casarão construído em 1865.
O Sobrado da Cidade foi aberto em agosto pela empresária Carla Esteves, com uma gastronomia brasileira, que traduz o conceito do local. “Queremos mostrar um pouco do valor que tem nossa história. Creio ser um dever nosso, como cidadãos, preservar e levar a nossa origem aos mais novos. As vezes eu vejo as pessoas circulando pelas ruas encantadas com as construções. Esse encantamento, na minha opinião, é o sentimento de pertencimento. Somos oriundos daquele espaço. O Brasil tem sua história registrada naquele local”, finaliza Carla Esteves. O restaurante conta com paredes de 23 metros de pé-direito, construídas por escravizados usando pedras e óleo de baleia em um espaço de 450 metros quadrados, distribuídos por três andares. Os azulejos são holandeses. Construído como moradia para 0 Barão Peixoto Serra, um herói das guerras pela Independência do Brasil, o endereço posteriormente sempre abrigou negócios. Foi armazém, hotel e sede de uma companhia marítima, entre outros.
Já a história da cerveja no Brasil está diretamente ligada à família real portuguesa, em especial à Dom João VI e à Dom Pedro II. Apesar de alguns documentos brasileiros do século XVII fazerem referência à bebida, foi somente em 1808 que ela ganhou destaque no país, com a chegada da família real, fugida de Napoleão. O rei Dom João VI era um grande apreciador de cerveja e, além de abrir os portos às “nações amigas”, o que significava na prática para a Inglaterra, revogou um alvará de 1785 que proibia as manufaturas brasileiras. A medida facilitou a instalação de fábricas de vidro e de moinhos de trigo, essenciais para o desenvolvimento e produção da bebida.
Em 1836 foi noticiada a inauguração da primeira fábrica de cerveja no Brasil, que destacava: “essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo”. Dom Pedro II, que herdou do avô o gosto pela cerveja, inaugurou em 1882 a Cervejaria Princesa, que produzia a sua apreciada Black Princess, cerveja escura mais consumida no Rio de Janeiro até 1980, quando sua produção foi encerrada. A receita felizmente não se perdeu no tempo e, em 1995, a Cervejaria Theresópolis voltou a produzir a bebida escura e encorpada. Em 2007 o Grupo Petrópolis adquiriu a Cervejaria e incluiu a Black Princess em seu portfólio. Anos depois, lançou também a Black Princess Gold, pilsen especial, que combina a tradição no preparo ao mais puro malte importado.
A Black Princess é uma Dark American Larger, com baixa fermentação e de teor alcoólico de 4,8%. É suave, com notas de malte torrado. Já a Princess Gold é um pouquinho mais fraca, com teor alcoólico de 4,7%, acentuado aroma floral do lúpulo e um amargor mais pronunciado ao final da degustação. Ambas podem ser servidas em copo do tipo caldereta, porém, a original é aconselhável servir em temperatura entre 8 e 12°C, enquanto a Gold fica melhor mais gelada, entre 4 e 5°C.
Cervejas tão especiais e com tanta história merecem ser acompanhadas por pratos à altura. A Black Princess Gold, que também pode ser servida em um copo pilsner, acompanha bem peixes, mariscos e queijos Brie e Camembert, além de carnes de vitela e cabrito. A Black Princess, devido ao seu sabor mais pronunciado, harmoniza com comida árabe, kebabs, carne de cordeiro, presunto cru e (por que não?) hambúrgueres. A cerveja escura também pode ser servida em um copo do tipo Tulipa.
O Espaço Black Princess conta com um jukebox, janelas com sacadas e capacidade para 40 pessoas, com opção de buffet volante e pacote de bebidas.
SERVIÇO:
Sobrado da Cidade: Rua do Rosário – 34 – Centro – Tel: 97978-4353