Raphael Vidal, dono da emblemática Casa Porto, que surgiu em 2013 em um sobrado no histórico Largo da Prainha, como um espaço cultural, não apenas um botequim, acaba de anunciar uma série de novos empreendimentos. Um deles será o Ginga, um bar de peixes e frutos do mar, com endereço em dois pontos diferentes da cidade: um quiosque na praia do Leme e uma peixaria-choperia também no Largo São Francisco da Prainha. É por lá também que nascerá em breve a BoulangeRua, em parceria com o padeiro Sandro Fernandes. E não para por aí. Até o fim do ano ele pretende abrir um bom e velho “bunda-de-fora” (os tradicionais e quase extintos botecos-restaurante cariocas que na verdade são só um balcão) no tradicionalíssimo Beco das Sardinhas.
“Pela rua da Prainha uma peixaria e choperia (torneiras plugadas na câmara fria) e pela rua Sacadura Cabral um clássico botequim de peixes e frutos do mar. E você vai gingando entre as duas frentes. Aqui também teremos uma Ginga, que nasce ao mesmo tempo na beira da praia do Leme e no pé do Morro da Conceição ainda nesse verão 22. Nossa aldeia vai tomando forma e ficando cada vez mais bonita pra cidade. Emociona. Obrigado, povo. Mais um botequim é — na pior das hipóteses — menos uma farmácia. Viva! Mamados, venceremos!”, postou Vidal em suas redes sociais.
Em março deste ano, Raphael causou controvérsia ao montar um cardápio, em cartaz com as letras que formam (em leitura vertical) a palavra genocida. Como noticiado, esse foi o adjetivo atribuído pelo youtuber Felipe Neto ao presidente Jair Bolsonaro. Entre os pratos brasileiríssimos servidos nesta “homenagem” estavam galeto, moela, linguiça, lombo, coxinha, pernil, enroladinho e empada. “Esse menu da Casa Porto é uma crítica escancarada ao mesmo tempo que um pedido de ajuda: temos que dizer o que tem que ser dito. E não serão processos baseados em leis da Ditadura Militar que vão calar o povo brasileiro”, disse Raphael à época.
Na Casa Porto, atividades, sempre gratuitas, objetivam compartilhar as riquezas culturais por meio de eventos temáticos, com a participação de convidados especiais. A semana começa com o Silêncio na Biblioteca, onde escritores, editores ou livreiros conversam sobre o mundo dos livros. Nas terças-feiras é a vez do Arte do Encontro, sempre com artistas da região portuária (cineastas, músicos, artistas plásticos) que conversam sobre suas obras. Nas quartas-feiras acontece o Tabuleiro da Baiana, focado na cultura afro-brasileira, quando convidados fazem debates e oficinas de ritmos e danças. Às quintas, a Casa recebe projetos de todas as expressões artísticas, apresentando sempre uma novidade, como, por exemplo, a oficina Passos Populares, que já fez muita gente dançar o jongo, ou a mostra Rio Web Fest, um festival internacional de web series. Para fechar a semana, a sexta-feira é livre, e a Casa funciona apenas como galeria, café e bar, mas que sempre pode surpreender, como em uma ação criativa feita especialmente para o público infantil.