Alô, alô diretoria! Ele começou a ser festejado nos tempos da Babilônia, foi dionisíaco entre os gregos, saturnal no Império Romano, até que em meados do século XIII um bobo da corte (isso mesmo) italiano chamado Matazone de Caligano descreveu pela primeira vez aquela coisa que mexe com a gente com o nome; “carnevale”. Carnaval está relacionado com a ideia de deleite dos prazeres da carne, e, no passado medieval os cristãos até tentaram domesticá-lo associando-o ao banquete que se realizava imediatamente antes do período de abstinência e jejum da Quaresma. Aparentemente não deu muito certo. O povo manteve a festa e alegou que a palavra vinha do latim “carnis valles”, sendo que “carnis” em latim significa carne e “valles” significaria prazeres. Há controvérsias. Mas, de uma maneira ou de outra, hoje o carnaval é comemorado oficialmente em mais de 30 países. Este ano, no carnaval que não existe oficialmente, mas está comendo solto em clubes e festas privadas, você pode cair na folia ou se deixar levar pelos prazeres da carne sem necessariamente correr o risco de esbarrar com um tipo de nome grego nada dionisíaco chamado Omicrôn por aí. Na dúvida, em nas nossas dicas para este fim de semana, lembramos de restaurantes, entre rodízios e opções a la carte, para você cair nas carnes sem perder o rebolado. Evoé!
Antiguidade é posto e quem tem competência se estabelece. Em 1961, a Majórica (Rua Senador Vergueiro, 11/15 – Flamengo. Tel: (21) 2205-6820) foi fundada, pelos irmãos Francisco e Bartolomeu Bou. O nome da casa foi inspirado na bela ilha de Mallorca, na Espanha, pátria de ambos, e a união entre o churrasco a la carte, tradicional do Brasil, com pratos da cozinha mediterrânea são a receita do sucesso que atravessa os anos. É uma tradicional e acolhedora casa da família carioca, com as tradicionais linguicinhas de entrada com molho vinagrete. A carta de vinhos é justa, mas as caipirinhas podiam vir menos vintage, em copos americanos sem graça, e mais caprichosas.
Surgida há três décadas, quando o serviço de carnes praticamente se resumia a tradicionais churrascarias rodízio, a Esplanada Grill (R. Barão da Torre, 600 – Ipanema. Tel: (21) 2512-2970). reinou sozinha, por muito tempo, não só na preferência dos ricos e famosos, como entre os foodies e críticos. Só da tradicional premiação Comer & Beber, da revista VEJA Rio, houve um período que a casa levantou o título por doze vezes consecutivas. É um tiro certo. A carta de vinhos é de responsa, os drinks excelentes, e entre os pratos, palmas para picanha bordon, macia e suculenta. Os fãs de um cordeirinho encontram quatro opções de corte no cardápio.
Para muita gente ele é o melhor restaurante de carnes do Rio. A linda fachada do Giuseppe Grill (Avenida Bartolomeu Mitre, 370, Leblon, Tel: (21) 2249-3055) com paredes de vidro e madeira se destaca na Bartolomeu Mitre, uma das avenidas mais conhecidas do bairro. A casa do advogado e restauranteur Marcelo Torres enfileirou prêmios pela qualidade de seus assados. Apesar de ser especializada em carnes, a casa também oferece peixes fresquíssimos, que são pescados diariamente por pescadores exclusivos do grupo. Mas o carro-chefe é a Clássica Picanha Supra Sumo, um corte exclusivo que foi criado e desenvolvido pela casa. Pra vocês terem ideia do quão específico e exclusivo esse corte é, extrai-se somente uma Supra Sumo de uma peça inteira da picanha. Essa é a parte mais suculenta, macia e saborosa da picanha, que se transformou na marca registrada do Giuseppe Grill Leblon. A casa ainda guarda um pequeno tesouro no subsolo em uma adega com mais de 650 rótulos de 16 países diferentes.
E antes da gente falar de duas conhecidas redes de São Paulo que fincaram o pé na Guanabara e são muito bem-vindas, um breve para saudar a Caravela do Visconde (Rua Visconde de Caravelas, 136 – – Botafogo. Tel: (21) 22663128). Aberta em 1986, tem ambiente simples e familiar e fila constante no fim de semana. Da brasa, a picanha é a mais pedida. Farta, satisfaz três valentes e vem com arroz, farofa e fritas. O corte pode ser pedido com guarnições à francesa ou à campanha. O galeto na brasa também faz sucesso. É o clássico BBB.
De São Paulo duas casas estão num patamar superior de preço e qualidade. Fundada em 1997 no número 348 da movimentada Rua Comendador Miguel Calfat no bairro paulistano da Vila Olímpia, o nome do Corrientes 348 (Av. das Américas, 7777 – Barra. Tel: (21) 3648-7008 e Av. Infante Dom Henrique, s/n – Glória. Tel: (21) 2557-4027) é na verdade o primeiro verso do clássico tango “A Media Luz”, de Carlos Gardel, considerado um hino ao amor pelos argentinos. No menu, receitas clássicas com um toque contemporâneo preparadas com as melhores matérias-primas e uma seleção de carnes nobres, todas de primeira linha e provenientes das mais prestigiadas regiões e produtores. Originárias das melhores raças britânicas hereford, angus e aberdeen e provenientes de conceituadas fazendas, todas as carnes passam por um rigoroso acompanhamento e processo de seleção. O resultado são cortes ao estilo porteño: altos, macios e suculentos.
Luiz Marsaioli sempre foi da comida: recém-graduado, já tinha aberto um restaurante japonês e um bar alemão. Seu amigo de infância, Rafael Valdívia, empreendeu pela primeira vez aos 16 anos e entrou no mundo das finanças logo depois da faculdade. Como sócio em um fundo de investimentos, conheceu Cristiano Meirelles, que veio a liderar a expansão do Burger King no norte do Brasil. Mas o grupo sentia falta de um ambiente mais legal para apreciar uma boa picanha. Em pesquisa, descobriram que o melhor jeito de fazer o churrasco era pelo modo argentino. E lá foram eles a Buenos Aires aprender um pouco mais e voltaram com uma parrilla (churrasqueira argentina) feita sob medida, além de alguns quilos de carne. Pobre Juan (Av. das Américas, 3900 – Loja 301 – Barra. Tel: (21) 3252-2637) foi o nome escolhido, como uma brincadeira com o “parrillero”. Se traduzíssemos para o português, faz referência ao “coitado do Zé”, que fica com a barriga no carvão enquanto o pessoal se delicia com seu churrasco. A casa logo ganhou fama e hoje virou uma rede de 11 endereços oferecendo os melhores cortes da raça angus saídos de suas parrillas.
Restaurante de nossa lista que tem uma das melhores vistas da cidade, o Assador Rio’s (Av. Infante Dom Henrique, S/N – Aterro do Flamengo. Tel: (21) 2018-3235) começou o verão com novidades: o happy hour “Sunset Assador. A ideia é aproveitar a agradável área externa para observar o pôr do sol na Baía da Guanabara tomando um vinho ou um drinque, programação ideal para quem quer aproveitar o Rio de Janeiro com conforto e segurança. O evento acontece às sextas-feiras e sábados, das 18h às 22h30. No happy hour, a casa oferece dose dupla de vinhos portugueses Villa Rosa branco e rosé, e de gin Marina. Para comer e compartilhar entre amigos, o cardápio a la carte oferece opções como a linguiça com provolone e chimichurri, dadinhos de tapioca ou a picanha. Já o farto rodízio conta com cortes premium como Tomahawk, assado de tiras, picanha, bife de Chorizo e Shoulder Steak.
Embora muito jornalista maledicente por aí diga que o preço cobrado hoje é quase proibitivo para os nativos, a Marius Degustare (Av Atlântica 290, Copacabana. Tel: (21) 3789-6514) é uma experiência única para qualquer carioca ou turista. A casa oferece uma seleção sofisticada de carnes, peixes e frutos do mar, num ambiente encantador, exótico, divertido e sempre com novidades no cardápio. Um dia pode ser um pato na brasa, no outro, um bife wagyu suculento. Foi o dono Mairos Fontana, o primeiro empresário do Rio a oferecer peixes e ostras no rodízio. A casa foi uma das representantes brasileiras no guia “1000 lugares para se conhecer antes de morrer”.
Fundada em 1979 e hoje com mais de 60 restaurantes espalhados no Brasil e exterior, em especial nos Estados Unidos (além de México e Porto Rico) o Fogo de Chão (Av. Repórter Nestor Moreira, s/n – Botafogo. Tel: (21) 2542-1545) virou uma espécie de Mc Donalds do churrasco brasileiro. O serviço inclui enxuto bufê de antepastos, saladas e pratos quentes, a exemplo de banana assada, polenta e arroz de carreteiro. Essas são as companhias para dezessete cortes, como alcatra, picanha, fraldinha e bife ancho bovino, além de costela suína e paleta de cordeiro. A filial carioca na sede náutica do Botafogo foi eleita duas vezes o melhor rodízio do Rio. E a vista é espetacular.
Neodi Mocellin, fundador da rede Porcão, deixou a operação das churrascarias, hoje sem representantes cariocas, para lançar três restaurantes que levam seu nome. Na Barra, a Mocellin Steakhouse (Av. Armando Lombardi, 1010 – Barra da Tijuca. Tel: (21) 2492-1878) é um misto de churrascaria e steakhouse que oferece menu de carnes nobres de raças britânicas, assadas inteiras na parrilla, em sistema que deixa de lado os espetos. Catorze cortes, como bife de chorizo e rib eye steak, são servidos no ponto desejado, sem limite de quantidade. Vale dar uma olhada na adega com mais de 400 rótulos de vinho. O esquema antigo, com espetos, ainda pode ser apreciado nas filiais da Ilha do Governador (Estrada do Galeão, 5285 – Galeão. Tel: (21) 2468-8200) e de Niterói (Av. Quintino Bocaiúva, 151 – São Francisco. Tel: (21) 3461-7080), sob o nome de Mocellin Churrascaria.
E não poderíamos encerrar esta relação sem citar uma casa que a cada dia ocupa um espaço maior no coração dos cariocas. Fundada em 1951, na Avenida Princesa Isabel como Churrascaria Leme, em 1962, a casa mudou de endereço, indo para a rua Rodolfo Dantas onde, em 1979, passou a ser chamada pelo nome atual, Churrascaria Palace (R. Rodolfo Dantas, 16 – Copacabana. Tel: (21) 2541-5898). Durante muitos anos a casa não tinha nenhum charme assim muito especial, sendo mais conhecida pela presença de artistas vizinhos que passavam por lá nos fins de semana. Até que o dono, Antônio Saraiva, começou aos poucos a elevar o nível da casa. Investiu pesado na adega, passou a servir ostras fresquíssimas e cortes que só se viam nas churrascarias mais caras e o sucesso não demorou. Em 2018, a Palace passou por um processo de renovação e de modernização da casa, sob a batuta do arquiteto Chicô Gouvêa. Um crítico afirmou certa vez que a Palace pode ser um boteco, uma churrascaria rodízio ou um restô sofisticado, depende do modo de usar. Uma das marcas da casa é a busca por novidades de qualidade, como o porco preto ou o excelente queijo Arupiara, da Fazenda Carnaúba, em Taperoá, na Paraíba – produto idealizado por Ariano Suassuna, simplesmente, e ainda tocado pela família do escritor.