Aydano André Motta
O prédio amplo e escuro, que ocupa meio quarteirão na Avenida Francisco Bicalho, integrou-se à paisagem pela fúnebre imagem de abandono. Foi, no passado distante, uma movimentada estação de trem, sonho de uma cidade integrada pelos trilhos. Hoje (e há muito tempo), o solitário movimento está no ponto de ônibus em frente. Mas vai mudar – e a Leopoldina vai renascer, reintegrada a orgulhos e urgências cariocas.
Em fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva incluiu a velha estação entre as mais de 500 propriedades da União repassadas a outros gestores, para cumprir funções sociais. O prefeito Eduardo Paes anunciou que o espaço, com 124 mil m², vai abrigar a Cidade do Samba 2, um centro de convenções e um conjunto do programa Minha Casa, Minha Vida, com pelo menos 700 apartamentos.
“Os cariocas e turistas vão ter vários benefícios neste espaço. O prédio tem dimensões enormes e pode ser usado para atividades econômicas e culturais”, planeja o secretário de Coordenação Governamental, Jorge Arraes. “No lado externo, temos a previsão de construirmos moradias, escola e unidade de saúde, além de um centro de convenções. E tudo de fácil acesso por VLT ou pela Avenida Francisco Bicalho”.
O prédio e as plataformas da Estação Leopoldina, tombados, serão totalmente recuperados. Não sofrerão alterações durante sua recuperação. O secretário reuniu-se com representantes da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para iniciar o processo de posse definitiva do imóvel. O acordo com o governo federal prevê que a Prefeitura ficará responsável pela reforma do prédio.
Já está certo que a gigantesca área da Leopoldina abrigará a Cidade do Samba 2, demanda antiga das escolas da Série Ouro, a segunda divisão do Carnaval. Como a primeira (das integrantes do Grupo Especial), a nova terá 14 barracões, provendo a necessária estrutura para construção de alegorias e fantasias. Hoje, os espaços ocupados pelas agremiações são completamente insalubres e perigosos – alguns sequer têm banheiros e água potável para os trabalhadores.
Mas não será só diversão e arte. Entre os planos, além do conjunto habitacional e do centro de convenções, está a construção de uma Clínica da Família para atender a região. Há, ainda, a possibilidade da criação de lojas e quiosques, garantindo atividade econômica no terreno, hoje ocupado, em parte, por peças da construção da estação do metrô da Gávea.
Mais de 500 imóveis da União em 200 municípios estão na lista para possível destinação a estados, municípios, movimentos sociais e setor privado para construção de habitações e equipamentos públicos, entre outros. Além deles, sob gestão da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), o INSS tem 3.213 imóveis não operacionais que podem integrar o programa. Busca-se, assim, ampliar o número de unidades habitacionais para população carente e também reduzir os riscos sociais e ambientais em territórios vulneráveis.
As obras que trarão a Leopoldina de volta à vida estão previstas para começar ainda este ano.