CHEGOU A ESTAÇÃO QUE É O DESTINO DO RIO

Em 2024 terá o verão mais quente entre todos os registrados

Aydano André Motta

Em muitos outros cantos da Terra, os três meses mais quentes do ano são somente uma etapa da ciranda eterna imposta pelos elementos. No Rio, é vocação, destino. A cada verão, a cidade se reinventa, veste (e despe) o traje de festa e se diverte como se não houvesse amanhã, nem outono. O sol potente e o calor nas alturas encontram na brisa e no mar emoldurado por montanhas e florestas seu pouso mais que perfeito. Só não se engane: tempestades literais e metafóricas também vêm – ou não seria a terra carioca.
Do começo: 2024 terá o verão mais quente entre todos os registrados, com temperaturas até 4°C acima do escaldante normal. O período terá a influência decisiva do El Niño, a alteração na temperatura da água na superfície do Pacífico, que este ano ficará ainda mais quente. A capital fluminense ainda pode ser afetada pelo provável aquecimento do Atlântico, na costa brasileira.
Receita perfeita para se divertir, muito, e sofrer, de vez em quando.
“O verão estará entre os três mais quentes da história”, ratifica o coordenador-geral de Ciências do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Gilvan Sampaio. “Estamos desde agosto com temperaturas acima da média. E o El Niño terá seu pico máximo entre dezembro e janeiro”, atesta Andréa Ramos, do Instituto Nacional de Meteorologia. “As temperaturas serão mais altas do que a média na Região Sudeste”, acrescenta ela. Como o El Niño vai até abril, até a OMM (Organização Meteorológica Mundial) trabalha com a certeza de que o calorão vai se manter outono adentro.
Serão menos frequentes as ondas apocalípticas de calor, com dias de sensação térmica perto dos 60°C. De qualquer jeito, espera-se que a administração municipal e população estejam mais escaldadas, diante dos acontecimentos da primavera, e cresça a conscientização sobre beber mais água, proteger-se com filtros solares etc. O Carnaval (em 2024 bem no meio de fevereiro) terá o enredo da preocupação com o bem estar obrigatório em blocos e escolas de samba.
O aguaceiro típico da estação pode até ajudar, mas será em formato diferente dos torós que alagam ruas e causam deslizamentos dramáticos. “As zonas de convergência do Atlântico Sul provocarão chuvas de três a cinco dias. Mas em fevereiro, ficarão abaixo da média”, alerta Andréa Ramos. Mas tempestades acima do normal também estão no horizonte da meteorologia.
Em meio à angústia das intempéries, a alta estação chega a uma metrópole com litoral limpo de maneira inédita. Mesmo as praias da Baía da Guanabara estão liberadas para o banho, num cenário que deve sofrer algumas poucas alterações devido às chuvas mais frequentes.
Quem poderia imaginar, há alguns anos, que seria possível banhar-se na Enseada de Botafogo ou, como já aconteceu este ano, na literária praia da Moreninha, em Paquetá?
Mas nunca foram tão profícuas as oportunidades para aquele mergulho reparador. Inclusive à noite, modismo de outras estações que se firmou com força total.
A delícia que dispensa o sol está aqui em ‘Rio Já’, que mergulha na estação com uma edição de colecionador (e qual não é?), mas sempre com os pés na terra firme da vida real. O acima assinado também relembra verões históricos, construtores da fama carioca na estação desde o primeiro mergulho de todos – de um imperador estrangeiro!