Caroline Rocha
A ‘Rio Já’ procurou a Prefeitura do Rio e o Governo do Estado para falar da crise dos aeroportos cariocas. Secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio (SMDEIS), Chicão Bulhões, falou em nome da administração municipal. O próprio governador Cláudio Castro se posicionou quanto às demandas do Estado
Prefeitura: “Sobre segurança, fica sempre a dúvida”
Rio Já: Pouco após passar por obras de ampliação, o Galeão opera extremamente abaixo de sua capacidade. As obras foram um erro?
Chicão Bulhões: As obras do Galeão não têm relação com a situação atual do aeroporto. Antes da ampliação, a capacidade era de 17,4 milhões de passageiros/ano e passou a ser de 30 milhões de passageiros/ano. Atualmente, o aeroporto opera muito abaixo de sua capacidade, com cerca de quatro a cinco milhões de passageiros/ano, com expectativa de melhora para 2023, de sete milhões de passageiros. A Secretaria iniciou essa gestão com a missão de estudar o problema. Com base nos estudos realizados, em uma cidade que possui um sistema multiaeroportos, é fundamental haver coordenação entre eles. No caso do Rio, o volume de passageiros/ano nunca ultrapassou 23 milhões, excluindo o período da Copa do Mundo de 2014. Sem a coordenação, há o risco de um aeroporto prejudicar o outro – exatamente o que vem acontecendo.
Governo do Estado: “Unidos à prefeitura e à sociedade civil”
Entre as justificativas da população para o esvaziamento do Galeão está a lentidão na Linha Vermelha. O que tem sido feito para melhorar as condições do trânsito na via?
Bulhões: O esvaziamento do Galeão não está relacionado ao trânsito, mas sim às questões apresentadas anteriormente. Nem todos os passageiros que aterrissam no Galeão descem na cidade.
O acesso ao aeroporto internacional não é facilitado pelos transportes públicos. Qual o planejamento para aprimorar os serviços já existentes e para novos modais?
n Bulhões: Até podemos debater acesso ao aeroporto e melhora no trânsito, mas o foco neste momento é recuperar a vocação do Galeão como hub de voos internacionais.
Quais os impactos da subutilização do Galeão para a cidade do Rio?
Bulhões: Nossos estudos mostram que, ao optar pela coordenação entre os aeroportos, será possível ver um ganho no número total de passageiros na cidade todos os anos. Para se ter uma ideia, estudo da Firjan de 2022 aponta que a gestão integrada poderia injetar R$ 4,5 bilhões na economia do Rio. Com isso, haveria geração de mais empregos e movimento maior da economia da cidade, com mais turistas circulando. Todos ganham, mas é preciso ter vontade política para decidir. E é importante que a decisão não demore mais.
Enquanto isso, o Santos Dumont tem operado perto do limite de sua capacidade. É possível garantir segurança aeroportuária em um terminal superlotado?
n Bulhões: Sobre segurança, fica sempre a dúvida. E quando o tema é segurança não deveríamos ter nenhuma dúvida.
O prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro, seu adversário político, concordam quanto às medidas que devem ser tomadas em relação aos aeroportos. Existe a possibilidade de uma parceria política?
Bulhões: O prefeito e o governador estão alinhados no tema. No dia 25 de abril, levamos uma proposta para limitar os voos no Santos Dumont somente para Congonhas. Estive presente junto com eles na reunião com o ministro Márcio França em Brasília. Defendemos essa posição e também acreditamos que é urgente dar uma solução para essa questão.
Governo do Estado: “Unidos à prefeitura e à sociedade civil”
Rio Já: Uma das reclamações dos passageiros em relação ao Galeão é a insegurança da Linha Vermelha. O que o governo do estado pode oferecer aos passageiros?
Cláudio Castro: Na nossa gestão foi inaugurada a primeira Central de Monitoramento do Programa Expresso Turístico, no posto do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas da Polícia Militar da Linha Vermelha, localizado na entrada da Ilha do Governador. Com a iniciativa, a segurança em corredores turísticos foi reforçada. O programa dispõe de seis motocicletas e conta com equipe de doze PMs, treinados por instrutores especializados do Batalhão de Polícia de Choque.
Como o senhor analisa o desequilíbrio entre os aeroportos?
Castro: Garantir que o Galeão seja o destino de rotas das capitais é uma das soluções que defendo e que levei ao ministro Márcio França, quando nos reunimos em abril. Essa é uma medida de incentivo à retomada do fluxo no terminal e que poderá atrair mais voos internacionais. A sugestão é que, com isso, sejam mantidas no Santos Dumont as rotas para Brasília e Congonhas. Outra iniciativa que defendo é a revisão da capacidade operacional do Santos Dumont, a partir de um estudo técnico, com a redistribuição de rotas. Além disso, propusemos uma gestão equilibrada entre o Galeão e o Santos Dumont por um sistema multiaeroportos.
O senhor e o prefeito Eduardo Paes, seu adversário político, concordam quanto às medidas que devem ser tomadas em relação aos aeroportos. Existe a possibilidade de uma parceria política?
Castro: O governo do Estado está unido com a prefeitura e entidades fluminenses para atender às necessidades não só da capital, mas de todo o estado, garantindo o desenvolvimento turístico e econômico do Rio de Janeiro. Estamos somando esforços com todos os setores para, juntos, encontrarmos soluções na direção de uma política aeroportuária benéfica para o Rio. Desde o ano passado, o governo estadual faz parte de um grupo de trabalho que inclui representantes do Rio, como a prefeitura, a Fecomércio, a Firjan e a ACRJ (Associação Comercial do Rio), além da ANAC, para apresentar propostas que fortaleçam o Galeão. Inclusive, a sugestão que defendo também é apoiada pela prefeitura e entidades fluminenses.
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