Fabricada desde a metade da década de 1970 na Fazenda Soledade, em Nova Friburgo, uma das mais tradicionais cachaças do país teve sua produção suspensa, de acordo com comunicado divulgado recentemente pela multinacional Diageo que comprou os direitos da marca em 2006. “A marca de cachaça Nega Fulô será descontinuada do portfólio Diageo”, informa a empresa, destacando que “as vendas estão suspensas em caráter definitivo, com efeito imediato”.
No mercado, especula-se que uma das razões teria sido o nome da cachaça, inapropriado em tempos de combate ao racismo e de valorização da mulher. Não seria surpresa. Recentemente, por exemplo, marcas como Uncle Ben’s e Leite Moça fizeram reposicionamentos para evitar estereótipos.
A Diageo, companhia de capital aberto com sede em Londres, é a maior fabricante mundial de destilados, dona de marcas como Smirnoff, Johnnie Walker, Guiness, Tanqueray, entre dezenas de outras Neste cenário, a Nêga Fulô, embora fundamental para a formação e o desenvolvimento do mercado de cachaça, representava quase “traço” do faturamento de 12,8 bilhões de libras (em 2020) da multinacional.
A Nega Fulô alguns chamam até de branquinha. Mas ela é dourada pelo estágio em carvalho francês.. Aos 20 anos, em 1997, foi vendida, se tornando a brasileira mais desejada pelos estrangeiros, com bom trânsito em alguns dos melhores bares do mundo. Na época, Josimar Melo cravou na Folha de São Paulo a reportagem: “Pinga carioca vira marca internacional”.
Mas nem tudo são más notícias. No início do mês, a Nega Fulô renasceu, parida novamente pelas mãos de seu cogenitor, Roberto, agora rebatizado com o nome de sua maternidade: Soledade, Fazenda Soledade. Ela traz irmãs, como a 5 Madeiras, que usa um quinteto de barricas em sua maturação. Aproveitem.