Caroline Rocha
Para enfrentar a alta de casos de afogamentos e crianças perdidas nas praias do Rio de Janeiro, o Corpo de Bombeiros ampliou em 20% o efetivo de guarda-vidas. Durante o verão, a corporação terá à disposição 91 motos-aquáticas novas e dois sonares Side Scan, para buscas embaixo d’água. Também foram adquiridos 43 botes infláveis de resgate, 40 quadriciclos e quatro embarcações de médio porte multimissão, além de máscaras para ventilação, pranchas de resgates, capacetes de salvamento e rádios à prova d’água.
“Essas ações são muito importantes para garantir a segurança de banhistas e turistas que visitam as praias de todo o estado. Só este ano, os guarda-vidas da corporação já realizaram mais de 1,6 milhão de ações de prevenção”, afirmou o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Major Fábio Contreiras.
Até a segunda semana de dezembro, cerca de 3 mil crianças se perderam dos pais e responsáveis na orla. Antes mesmo do início do verão, o número já ultrapassa o total de ocorrências de 2022, quando os registros chegaram a 2.857 crianças perdidas. O Grupamento Marítimo de Copacabana (3º GMar) tem o recorde de casos: mais de 1.400. O quartel é responsável pelas praias do Leme, Copacabana, Arpoador, Ipanema, Leblon e São Conrado.
Ao ir à praia, é recomendado identificar os menores de idade com pulseiras que contenham um número de telefone para contato. Na cidade do Rio, a Guarda Municipal distribui o acessório gratuitamente na Zona Sul e Oeste.
Mas, de acordo com os guarda-vidas, nada substitui o olhar atento durante o passeio. “Nossos bombeiros estão sempre a postos e equipados com o que há de mais moderno para garantir a segurança das famílias, dentro e fora d’água. Mas a verdade é que todo cuidado é pouco com os pequenos na praia. Um descuido pode resultar em uma grande tragédia“, afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.
Entre as orientações para que pais e responsáveis evitem desencontros, estão: manter contato visual constante, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e ficar a uma distância de até um braço das crianças no mar.
O Corpo de Bombeiros já realizou mais de 24 mil salvamentos aquáticos desde o início do ano, um aumento de 60% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram registrados cerca de 15 mil resgates. Apenas no feriado de Proclamação da República, em 15 de novembro, foram 1.005 resgates em todo o estado.
“A dica mais importante é ficar sempre próximo de um posto de guarda-vidas. Qualquer dúvida, você pode conversar com o profissional. Ele vai indicar para você qual o local mais seguro para o banho de mar”, explica o porta-voz. A segunda dica é estar atento às cores das bandeiras. “Jamais entre no local de praia onde tem a bandeira vermelha. Lá, certamente, tem uma vala, que a gente conhece tecnicamente como corrente de retorno. Ali é um local de alto risco de afogamento”, complementa o Major.
Caso seja tarde para evitar o afogamento, a dica é boiar e chamar a atenção dos militares que estão na orla. “Se você foi levado para longe da faixa de areia, tente flutuar e sinalize para o guarda-vidas com a mão para que ele possa realizar o resgate. Caso você tenha alguma habilidade na natação, tente nadar para os lados. Nunca de volta para a faixa de areia, porque você vai se cansar e não vai conseguir vencer a força da correnteza. A dica é nadar para os lados para que você consiga sair daquela vala e consiga facilmente voltar para a areia com força das ondas”, afirmou ele.
FOCO NA SEGURANÇA
Em meio ao temor gerado por ladrões e “justiceiros”, a segurança é unanimidade na lista de desejos de moradores e turistas durante o verão no Rio. A Operação Verão, força-tarefa do Governo do Estado em parceria com os municípios, começou mais cedo este ano, mas ainda assim o sentimento é o mesmo de antes: medo e insegurança.
O governador Cláudio Castro determinou o aumento no número de abordagens no bairro e a formação de um corredor de viaturas ao longo da Av. Nossa Senhora de Copacabana de 18h às 23h como estratégias no enfrentamento da criminalidade.
A situação se torna ainda mais preocupante com a entrada em cena de supostos “justiceiros”, que formam verdadeiras milícias para “caçar” – como eles mesmos definem – e condenar ao espancamento pessoas que o grupo julgar serem bandidos. A Polícia Civil vai tratá-los como criminosos que são.
A Polícia Militar informou que, diariamente, 1.200 policiais realizam patrulhamento em todo o estado, com atenção especial para a orla da capital, cidades litorâneas, vias expressas e rodovias de acesso aos municípios com maior apelo turístico.
Nas ruas, os agentes circulam em viaturas e motos. Na areia, o patrulhamento está sendo realizado em quadriciclos com pontos de apoio em tendas. A corporação também promete o monitoramento e, se necessário, a abordagem de ônibus que seguem em direção às praias. A PM vai usar cavalos e cães na tentativa de aumentar a segurança nas ruas internas de Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca. Segundo a corporação, as demais praias da capital, como Flamengo, Botafogo, Urca e Ilha do Governador, também receberam reforço no policiamento, assim como Niterói, municípios da Região dos Lagos, Costa Verde e Norte Fluminense.
O monitoramento da capital é uma das apostas do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio neste verão. Um carro-comando da Polícia Militar, baseado no Arpoador, receberá imagens da orla enviadas por helicópteros, drones e câmeras instaladas nas ruas e acopladas aos uniformes dos agentes.