POR RICARDO BRUNO – CHEFE DE REDAÇÃO
Das urnas de 2022, afloraram mais do que nomes referendados pelo sufrágio popular. Vieram também revelações eloquentes sobre o perfil atual da sociedade brasileira. De um lado, a confirmação da onda conservadora que garantiu protagonismo a notórios representantes das correntes de pensamento mais retrógado. Na outra ponta, a sagração de personagens-símbolos de um país em mutação rumo à modernidade — no comportamento e nos costumes. São dois brasis, antípodas, mas igualmente vigorosos a mostrar a polaridade extrema em que nos dividimos neste limiar de século.
No campo progressista, onde as mudanças de conceitos e posturas são sempre mais velozes, buscamos três personagens que ilustram a diversidade ungida pelo voto – em contraponto à vaga conservadora ainda dominante. As deputadas Renata Souza (estadual) e Talíria Petrone (federal), ambas do PSOL e reeleitas com votações estupendas. E Dani Balbi (PCdoB), a primeira transexual com assento na Assembleia Legislativa do Rio. O trio nada tem de convencional se comparado ao universo de homens brancos, de maioria conservadora, predominante nos parlamentos de modo geral.
Herdeiras do legado de Marielle Franco, elas naturalmente abrem o debate sobre temas ainda controversos na sociedade; exercem o sempre polêmico papel de provocadoras, no melhor sentido, da discussão, do confronto de posições em combate ao conservadorismo. Um processo, ora lento ora acelerado, sujeito a óbices ou adesões inesperadas, no curso do qual democraticamente formam-se maiorias em torno de propostas de avanço. O resultado nem sempre é revolucionário como sonhavam mas, certamente, bem diferente do status quo. A régua democrática do parlamento delimita o tamanho do sonho possível.
Sob a lente de Rafaela Cassiano, a Rio Já reuniu as três para registrar em foto a unidade progressista das militantes mais aguerridas desta frente que tem o papel de impulsionar as transformações sociais via parlamento. Aydano Motta antecipa o que se pode esperar do trio na próxima legislatura.
Nesta edição, a Rio Já conversa também com Ilda Santiago, diretora executiva do Festival de Cinema do Rio, que volta revigorado neste pós-pandemia. Em conversa com Jan Theophilo, ela relata apreensões, mudanças e reaprendizados deste recomeço. A despeito do avanço tecnológico, das facilidades de acesso aos lançamentos por streaming, a volta das salas escuras enseja mais do que a simples fruição da obra; conduz ao delicioso ritual de convivência cultural.
— Assisto a muitos filmes por link. E o que o mais sinto falta é dessa experiência coletiva. Você escolhe a cadeira mais perto ou longe da tela; você escolhe se vai comer antes alguma coisa; você encontra pessoas – relata.
Comprometida em antecipar tendências e revelar novidades, a Rio Já mostra ainda o frisson gastronômico dos últimos meses provocado pela abertura de inovadoras casas especializadas em frutos do mar. São muitas: Sabor das Águas, Ocyá, Peixaria Mocellin, Traga Del Mar, Escama, Pescados na Brasa e outras . Bruno Agostini as visitou e relata em texto saboroso as inovações à disposição dos gourmands sempre antenados em busca novas experiências gastronômicas.
Chico Junior mostra ainda o potencial agrícola da cidade do Rio de Janeiro. A metrópole carioca, mesmo sem grandes extensões de terras agricultáveis, se destaca na produção de alimentos e frutas. Em 2020, o Rio foi o maior produtor de abacate do estado e o segundo de banana prata, aipim e coco verde. Em 2021, 906 produtores rurais da cidade colheram 41.932 toneladas de alimentos, com faturamento bruto de R$ 54 milhões.
Boa leitura