Ricardo Bruno – Chefe de Redação
Um dos maiores prazeres da equipe da ‘Rio Já’ é explorar o interior do estado, revelar paisagens e cenários pouco conhecidos; indicar novos caminhos para se deslindar a beleza e a potencialidade da terra fluminense.
Foi isto o que fez com competência o repórter Jan Theóphilo nesta edição. Visitou o Vale do Café, berço histórico da produção cafeeira nacional e reduto de espetaculares hotéis-fazenda, herança do período colonial. A região se tornou o principal destino do turismo rural no estado, atividade que tem crescido de modo significativo nos últimos anos.
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O luxo das fazendas empresta à região ares que fazem lembrar o Vale do Loire francês. São construções opulentas que remetem ao tempo de pujança do Ciclo do Café, período em que o cultivo fora introduzido no Brasil. Infelizmente com farta mão de obra escravizada, experimentou-se ali, no século XVIII, o primeiro grande período de desenvolvimento do estado, alavancado pela grande produção dos grãos arábicas.
Com a debacle decorrente da transferência do cultivo para São Paulo, a região mergulhou em profunda decadência, se transformando apenas num repositório da memória cafeeira nacional. Não havia novos projetos em andamento. Restava tão-somente a expressão de um passado economicamente glorioso.
Recentemente, a região recuperou protagonismo, fazendo da história seu principal atrativo turístico. Até mesmo o solo foi recuperado, com a ajuda da Embrapa e da Emater, para que se permitisse a volta do cultivo, agora com tipos e grãos selecionados para produção de café-gourmet.
Arranjos produtivos locais estimularam o desenvolvimento de sub-regiões voltadas à produção de cachaça e queijos sofisticados. Na Fazenda Du Vale, construiu-se a primeira caverna subterrânea do Brasil para maturação de queijos. Não por acaso, os produtos ali fabricados artesanalmente têm certificação internacional de excelência.
Em Vassouras, o empresário Ronaldo Cesar Coelho iniciou o restauro de um casarão histórico para sediar o Museu das Identidades. O propósito é resgatar a história da região, entre 1830 e 1880, auge do Ciclo do Café, que à época teve papel preponderante na economia nacional e na própria formação da diversidade do povo.
Nesta edição Bruno Agostini faz uma ode ao PF, o velho e consistente prato feito servido nos botecos cariocas. A iguaria – quase sempre em prato fundo com uma montanha de arroz e uma concha de feijão – se tornou símbolo da gastronomia popular. E corre risco de extinção. Hoje é raro de se encontrar. O Baixela, boteco novo de Copacabana, mantém a tradição, servindo legítimos ‘Pê-efes’.
A ‘Rio Já’ desta edição está imperdível. E, como sempre, apetitosa.
Boa leitura.