Amanhã, dia 11, e segunda, 12 de fevereiro, acontecem os desfiles das Escolas de Samba do Rio, na Marquês de Sapucaí, sempre começando às 22h.
No segundo dia teremos, pela ordem, Mocidade, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Tuiuti e Viradouro.
Apresentamos aqui um pouco do que cada escola vai mostra na Avenida.
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MOCIDADE
Cores: Verde e branco * Horário de desfile: 22h *Componentes: 3.300
Presidente de honra: Rogério Andrade * Presidente: Flávio da Silva Santos * Diretor de Carnaval: Sandro Menezes * Carnavalesco: Marcus Ferreira * Mestre de bateria: Dudu * Rainha de bateria: Fabíola Andrade * Mestre-sala e porta-bandeira: Diogo Jesus e Bruna Santos * Coreógrafo da comissão de frente: Paulo Pinna
Enredo: “Pede caju que dou… Pé de caju que dá!”.
A Mocidade vai perfumar a Marquês de Sapucaí com “o fruto mais doce e sexy da capital da folia”. Através dos sabores do Caju, a escola vai contar histórias, lendas e curiosidades do Brasil. As marcas da fruta nativa estão desde a mitologia da tribo indígena Porã, passando pela colonização europeia, até a revolução tropicalista. O enredo leve e abstrato é uma tentativa de reverter o resultado do Carnaval anterior, quando a escola amargou o 11° lugar.
Autores do samba: Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou!
O puro suco do fruto do meu amor (Bis)
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
Aí tupi no interior do cafundó
Um quiproquó virou guerra assumida
Provou porã (provou!), fruta no pé
Se lambuzou, Tamandaré (Bis)
O mel escorre, olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Por outras praias a nobreza aprovou
Se espalhou… Tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho
é documento
Vou erguer um monumento para
Seu Luiz Inácio
Nessa batalha, teve aperreiro!
Duas flechas e no meio uma tal
cunhã-poranga
Tarsila, pinta a sanha modernista,
Tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa
o povo provar
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PORTELA
Cores: Azul e branco * Horário de desfile: Entre 23h e 23h30 *Componentes: 2.800
Presidente de Honra: Tia Surica * Presidente: Fábio Pavão * Diretor de Carnaval: Júnior Schall * Carnavalescos: André Rodrigues e Antônio Gonzaga * Mestre de bateria: Nilo Sérgio * Rainha de bateria: Bianca Monteiro * Mestre-sala e porta-bandeira: Marlon Lamar e Squel Jorgea * Coreógrafos da comissão de frente: Leo Senna e Kelly Siqueira
Enredo: “Um defeito de cor”.
Inspirado no romance homônimo de Ana Maria Gonçalves, o enredo da Portela baseia-se no afeto e na maternidade negra. A escola de Madureira refaz os caminhos da protagonista Luiza Mahim, afastada de seu filho, Luiz Gama, quando ainda era menino, após ser escravizada durante a colonização. Através do filho, a agremiação sonha com uma carta onde o importante abolicionista responde sua mãe sobre o legado da memória que ela deixou: o livro.
Autores do samba: Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Wanderley Monteiro, Bira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto e André do Posto 7
O samba genuinamente preto
Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, oh! Mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso
livro aberto
Omotunde, vim do ventre do amor
Omotunde, pois assim me batizou
Alma de Jeje e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor
Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina lemanjá
Salve a lua de Benin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela (Bis)
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela!
Orayeye oxum, Kalunga!
E mão que acolhe outra mão, macumba!
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia e Malê!
Em cada prece, em cada sonho, nêga
Eu te sinto, nêga, seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nêgo
Eu te cuido, nêgo cá de onde estou
Saravá Kehinde! Teu nome vive!
Teu povo é livre!
Teu filho venceu, mulher! (Bis)
Em cada um nós, derrame seu axé!
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VILA ISABEL
Cores: Azul e branco * Horário de desfile: Entre0h e 0h20 * Componentes: 2.700
Presidente de honra: Martinho da Vila * Presidente: Luiz Guimarães * Diretor de Carnaval: Moisés Carvalho * Carnavalesco: Paulo Barros * Mestre de bateria: Macaco Branco * Rainha de bateria: Sabrina Sato * Mestre-sala e porta-bandeira: Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas * Coreógrafos da comissão de frente: Alex Neoral e Márcio Jahú
Enredo: “Gbalá – Viagem ao templo da criação”.
Reapresentando o enredo de 1993, a Vila Isabel propõe reflexão sobre o impacto dos seres humanos na Terra por meio de uma narrativa com base na cultura Yorubá. Num mundo envenenado pela ganância e corrompido dos propósitos designados por Oxalá – ajudar a cuidar e manter o planeta em harmonia –, a única salvação está nas crianças, que, rebatizadas nas sete águas sagradas do Templo da Criação, aprendem sobre a esperança.
Autor do samba: Martinho da Vila
Conheceram os valores do
trabalho e do amor
E a importância da justiça
Sete águas revelaram em sete cores
Que a beleza é a missão de todo artista
Gbalá é resgatar, salvar (Bis)
E a criança é a esperança de Oxalá
Vamos Sonhar
Meu Deus
O grande criador adoeceu
Porque a sua geração já se perdeu
Quando acaba a criação
Desaparece o criador
Pra salvar a geração
Só esperança e muito amor
Então foram abertos os caminhos
E a inocência entrou
No templo da criação
Lá os guias protetores do planeta
Colocaram o futuro em suas mãos
E através dos Orixás se encontraram
Com o Deus dos deuses, Olorum
E viram
Viram como foi criado o mundo
Se encantaram com a mãe natureza
Descobrindo o próprio corpo
compreenderam
Que a função do homem é evoluir
Conheceram os valores do
trabalho e do amor
E a importância da justiça
Sete águas revelaram em sete cores
Que a beleza é a missão de todo artista
Gbalá é resgatar, salvar (Bis)
E a criança é a esperança de Oxalá
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MANGUEIRA
Cores: Verde e rosa * Horário de desfile: Entre 1h e 1h30 * Componentes: 3.300
Presidente de honra (in memoriam): Hélio Turco * Presidente: Guanayra Firmino * Diretores de Carnaval: Amauri Wanzeler e Junior Cabeça * Carnavalescos: Guilherme Estevão e Annik Salmon * Mestres de bateria: Taranta Neto e Rodrigo Explosão * Rainha de bateria: Evelyn Bastos * Mestre-sala e porta-bandeira: Matheus Olivério e Cintya Santos * Coreógrafos da comissão de frente: Karina Dias e Lucas Maciel
Enredo: “A negra voz do amanhã”.
A Mangueira homenageará Alcione, a grande cantora ícone da escola. O desfile vai percorrer os caminhos da artista, para compor as linhas de sua história, influenciada, principalmente, pelo conjunto fé, música e cultura popular. Nordestina, Alcione se apaixonou pela Estação Primeira ainda criança, enquanto admirava revistas com fotos das baianas.
Autores do samba: Lequinho, Junior Fionda, Gabriel Machado, Fadico, Guilherme Sá ePaulinho Bandolim
Mangueira! De Neuma e Zica
Dos versos de Hélio que
honraram meu nome
Levo a arte como dom
O Brasil em tom marrom
Muito prazer, eu sou Alcione,
Negra Voz do Amanhã!
Meu palácio tem rainha e não
é uma qualquer
Arreda homem que aí vem mulher (Bis)
Verde e rosa dinastia pra honrar
meus ancestrais
Aqui o samba não morrerá jamais
Xangô chama Iansã
Que a voz do amanhã já bradou no Maranhão
Tambor de Mina, encantados a girar
O divino no altar, a filha de toda fé
Sob as benções de Maria,
batizada Nazareth
Quis o destino quando o tempo
foi maestro
Soprar a vida aos pés do velho cajueiro
Guardar no peito a saudade de mainha
Do reisado a ladainha, São Luís o seu terreiro
Ê bumba meu boi! Ê boi de tradição
Tem que respeitar Maracanã que
faz tremer o chão
Toca tambor de crioula,
firma no batuquejê
Ô pequena feita pra vencer (Bis)
Vem brilhar no Rio antigo, mostrar
seu poder de fato
Fina flor que não se cheira,
não aceita desacato
Vai provar que o samba é primo do jazz
Falar de amor como ninguém faz
Nas horas incertas, curar dissabores
Feito uma loba impor seus valores
E seja o pilar da esperança
Das rosas que nascem no
morro da gente
Sambando, tocando e cantando
Se encontram passado,
futuro e presente
Mangueira! De Neuma e Zica
Dos versos de Hélio que
honraram meu nome
Levo a arte como dom
Um Brasil em tom marrom
que herdei de Alcione
Ela é Odara, deusa da canção BIS
Negra voz, orgulho da nação
Meu palácio tem rainha
e não é uma qualquer
Arreda homem que aí vem mulher (Bis)
Verde e rosa dinastia pra honrar meus ancestrais
Aqui o samba não morrerá jamais
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PARAÍSO DO TUIUTI
Cores: Azul e amarelo * Horário de desfile: Entre 2h e 2h40 * Componentes: 2.400
Presidente: Renato Thor * Diretor de Carnaval: André Gonçalves * Carnavalesco: Jack Vasconcelos * Mestre de bateria: Marcão * Rainha de bateria: Mayara Lima * Mestre-sala e porta-bandeira: Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane * Coreógrafos da comissão de frente: Claudia Mota e Edifranc Alves
Enredo: “Glória ao Almirante Negro”.
O Paraíso do Tuiuti exaltará João Cândido, líder da Revolta da Chibata, na lista dos heróis brasileiros. Filho de escravizados, o ele lutou, em 1910, pelo fim dos castigos físicos, herança do Brasil escravagista, na Marinha. João Cândido era uma figura incomum no cargo que ocupava, afinal as patentes mais altas eram reservadas aos brancos. Depois de alguns dias com os canhões apontados contra a cidade, o governo cedeu e prometeu melhorias nas condições de trabalho, enquanto o Senado aprovou a anistia dos revoltosos. Os marinheiros abaixaram as armas, mas terminaram traídos pelo presidente.
Autores do samba: Cláudio Russo, Moacyr Luz, Gusttavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, W. Correa e Píer
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir (Bis)
À cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Nas águas da Guanabara
Ainda o Azul de Araras
Nascia um herói libertador
O mar com as ondas de prata
Escondia no escuro a chibata
Desde o tempo do cruel contratador
Eram navios de guerra, sem paz
As costas marcadas por tantas marés
O vento soprou à negrura
Castigo e tortura no porão e no convés
Ôôô A Casa Grande não
Sustenta temporais
Ôôô Veio dos Pampas
Pra salvar Minas Gerais
Lere lere mais um preto lutando
pelo irmão (Bis)
Lere lere e dizer nunca mais escravidão
Meu nego… A esquadra foi rendida
E toda gente comovida
Vem ao porto em saudação
Ah! Nego… A anistia fez o flerte
Mas o Palácio do Catete
Preferiu a traição
O luto dos tumbeiros
A dor de antigas naus
Um novo cativeiro
Mais uma pá de cal
Glória aos humildes pescadores
lemanjá com suas flores
E o cais da luta ancestral
Salve o Almirante Negro
Que faz de um samba-enredo
Imortal
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VIRADOURO
Cores: Vermelho e branco * Horário de desfile: Entre 3h e 3h50 * Componentes: 2.800 *
Presidentes de honra: José Carlos Monassa (in memoriam) e Marcelo Calil Petrus * Presidente: Hélio Nunes * Diretor de Carnaval: Alex Fab e Dudu Falcão * Carnavalesco: Tarcísio Zanon * Mestre de bateria: Ciça * Rainha de bateria: Erika Januza * Mestre-sala e porta-bandeira: Julinho e Rute * Coreógrafos da comissão de frente: Priscila Mota e Rodrigo Negri
Enredo: “Arroboboi, Dangbé”.
Vice-campeã de 2023, a Viradouro tenta o título com a história da batalha que transformou uma serpente em deusa na África. A força das mulheres negras é representada no exército feminino do Daomé, vencedor de lutas épicas na costa ocidental do continente. As conquistas teriam vindo após a disputa ser oferecida à Dangbé, que evoca proteção, equilíbrio e movimento. Ao morder o próprio rabo, a serpente completa um ciclo, sem início ou fim, que presenteia as guerreiras Mino com poderes como cura, fertilidade, adivinhação, além da capacidade da transformação.
Autores do samba: Claudio Mattos, Claudio Russo, Julio Alves, Thiago Meiners, Manolo, Anderson Lemos, Vinicius Xavier, Celino Dias, Bertolo e Marco Moreno
Arroboboi, Meu Pai!
Arroboboi, Dangbé!
Destila seu axé na alma e no couro (Bis)
Derrama nesse chão a sua proteção
Pra vitória da Viradouro!
Eis o poder que rasteja na Terra
Luz pra vencer essa guerra,
a força do Vodum
Rastro que abençoa Agoye
Reza pra renascer, toque de Adahum
Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher
Um levante à liberdade,
divindade em Daomé
Já sangrou um oceano
pro seu rito incorporar
Num Brasil mais africano,
outra areia, mesmo mar
Ergue a casa de Bogum,
atabaque na Bahia
Ya é Gu Rainha, herdeira
do candomblé (Bis)
Centenário fundamento
da costa da mina
Semente de uma legião de fé
Viva em mim, a irmandade
que venceu a dor
A força, herdei de Hundé e da luta Mino
Vai serpenteando feito rio ao mar
Arco-íris que no céu vai clarear
Ayî! Que seu veneno seja meu poder
Bessen que corta o amanhecer
Sagrado Gume-Kujo
Vodunsis o respeitam, clamam Kolofé
E os tambores revelam seu afé
Ê Alafiou, Ê Alafiá
É o ninho da serpente jamais tente afrontar! (Bis)
Ê Alafiou, Ê Alafiá
É o ninho da serpente
preparado pra lutar!
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