NUM LADO, ATRASOS; NO OUTRO, OCIOSIDADE

Autoridades querem diminuir voos no Santos Dumont

Não há qualquer suspeita sobre segurança, no bojo do aumento de voos e passageiros do Santos Dumont, asseguram especialistas no setor. Há, no horizonte, um limitador na própria estrutura do terminal, que só seria resolvido com uma ampliação inviável do ponto de vista ambiental, porque demandaria outro aterro na Baía de Guanabara. Nos anos 1930, um pedaço do mar foi ocupado pela terra, para construção do aeroporto. Outros tempos.

Diretor da FGV Transportes, Marcus Quintella explica que o Santos Dumont atingiu o patamar de antes da pandemia, entre 9 e 10 milhões de passageiros por ano – e tudo bem. Não tem ligação com a redução do fluxo no Galeão, segundo ele. “A culpa é da economia do Rio, que não é mais a porta principal do turismo no país”, conclui.

Mas o sucesso cobra seu preço. O Santos Dumont sofre com aumento no atraso das partidas, indicador da qualidade (ou falta dela) no serviço. Na ponte aérea, 29% dos voos decolaram mais de 15 minutos depois do previsto, afere estudo da AirHelp, empresa especializada em direito de passageiros.

Mas na perspectiva do viajante, o aeroporto do Centro mantém seu prestígio. “É uma teteia”, elogia, bem a seu estilo, Ricardo Freire, criador do aclamado site “Viaje na Viagem”. “Não tem igual no mundo, muito central, uma coisa espetacular”. Para ele, mesmo se fosse bagunçado e superlotado (o que não é o caso), valeria a pena.

Mas Freire reconhece que o cenário geral dos dois aeroportos está péssimo. “O Rio não tem voo direto pra vários lugares, o Galeão sub-utilizado e o Santos Dumont lotado”, critica, endossando a proposta de Eduardo Paes e Cláudio Castro. “Eu tentaria restringir voos para o Santos Dumont, para reavivar o Galeão”.

Por fim, ele enxerga apatia da Changi, a dona do Riogaleão. “Parece que eles perderam a mão no lobby. O aeroporto funciona muito bem, só precisa de mais esteiras para grandes caminhadas. Mas não é hub de ninguém. Ter que parar em São Paulo é péssimo para quem vem visitar o Rio”, encerra.

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