Luisa Prochnik
A cidade do Rio de Janeiro vista de cima, silenciosa, múltipla. Prédios, casas, Cristo Redentor, comunidades, ladeiras, praias, morros, o bondinho. Do terraço do Parque das Ruínas, um parque público e centro cultural municipal localizado no bairro de Santa Teresa, é possível ficar horas admirando cada trecho de paisagem e, claro, como um bom visitante, produzir fotos em quantidade suficiente para montar carrosséis e carrosséis de lindas imagens no perfil das redes sociais.
O Parque das Ruínas é um programa completo, para todos e, por isso, tem sido cada vez mais procurado. Já começa pelo passeio por dentro do bairro de Santa Teresa, que prepara o visitante para respirar ar puro que só a combinação perfeita entre natureza, história e cultura pode proporcionar. O clima mais ameno acompanha a paisagem bucólica local, construída por casas de outras épocas e bares tradicionais. Uma experiência perfeita para quem quer aproveitar um Rio de Janeiro que foge dos pontos turísticos tradicionais.
Ao chegar no alto, na rua Murtinho Nobre, após entrar, são apresentadas três opções ao visitante: seguir pela direita, pela esquerda ou em frente, subindo escadas e passando pela administração. Mas, antes, todos são convidados a ler mais sobre a história das ruínas e, assim, experimentar o passeio no presente, mas com ciência do que já foi aquele lugar no passado.
A exploração do Parque revela um espaço convidativo ao ar livre com quiosque, mesas e cadeiras e um vento que suaviza o calor carioca. Há também local com brinquedos para as crianças e programação infantil gratuita regular – vale visitar antes o endereço do Instagram do Parque, sempre atualizado, para se programar.
Morena Cattoni, mãe de Isabela, de 5 anos, levou a filha ao teatro.
– Um lugar bonito, muito bom para ir com criança. O que eu guardo na memória do passeio é a imagem de crianças correndo, vento e, claro, vista linda e panorâmica da cidade.
Há muito espaço para a arte, para crianças, mas também para adultos, com duas galerias para exposições, um teatro e um palco externo, com a programação também sempre anunciada nas redes sociais. E, claro, há as ruínas, protagonistas deste passeio, que dão o nome ao local.
As ruínas são as marcas deixadas pelo palacete luxuoso construído em 1898, onde artistas e intelectuais se reuniam em eventos organizados pela dona do casarão e grande mecenas da Belle Époque carioca, Laurinda Santos Lobo, conhecida como a “marechala da elegância”. Após a morte da mecenas, o palacete ficou abandonado. A revitalização foi feita a partir de um projeto dos arquitetos Ernani Freire e Sônia Lopes, onde a intenção não era restaurar, mas preservar a as ruínas com a inclusão de escadas e passarelas metálicas e vidros na parte superior. Uma elegante mistura do passado com o contemporâneo, que permite ao visitante subir os andares absorvendo as diferentes vistas da cidade pelos imensos janelões. Os únicos fechamentos realizados nessa obra foram feitos com vidro, sem alterar a iluminação natural existente.
A quem passeia pelos três andares da construção, a cada curva, cria-se uma aura de mistério e um aumento de expectativa para saber qual será a próxima vista da cidade, como se fossem quadros em uma casa, mas pintados com tintas reais. Na subida e descida, há elementos paisagísticos já observados no terraço, mas, também, outros ângulos do Rio de Janeiro, como o aeroporto Santos Dumont e construções do centro da cidade. E se todas as vistas são incríveis, as fotos aproveitando as estruturas metálicas combinadas com as ruínas também são opção para incansáveis cliques de celulares.
A cada degrau, escuta-se uma língua estrangeira, inglês e espanhol de países diferentes. E o português em diversos sotaques. Comum ouvir diálogos em que os turistas tentam se localizar, adivinhar o que estão vendo e se já visitaram este ou aquele local em sua passagem pela cidade. Muitos celulares estão apontados para todos os lados, poses, selfies e câmeras profissionais. Sempre há a chance de ter que abrir espaço para noivos passarem, casais que realizam ensaio de fotos no local e premiam o visitante com beijos apaixonados, sorrisos e trocas de olhares com o cartão-postal ao fundo. O fotógrafo e sócio da produtora Uma Rosa Filmes já teve a oportunidade de trabalhar no Parque das Ruínas.
– Fui fotografar um ensaio de casal e achei o parque um lugar seguro, calmo, pelo menos durante a semana, e muito bonito, com vários ambientes para explorar ângulos para as fotos. A escadaria, por exemplo, fez render várias fotos bem legais.
Um programa agradável, gratuito, fresco, com opções variadas para todos os visitantes e a certeza de ganhar muitas curtidas nas fotos publicadas.