“Preservar a memória para construir a História”. Com esse lema, a Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) formalizou, no primeiro semestre deste ano, a criação da Editora Letras Marítimas, que substituiu a antiga Editora SDM. O objetivo da nova editora é publicar obras históricas, técnicas e culturais. No mês de outubro, a mais recente publicação da nova editora é o livro “Da Guerra à Diplomacia: a história da Divisão Naval Brasileira na Grande Guerra”, lançado no Museu Naval, no Centro do Rio de Janeiro (RJ). A obra foi escrita pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (EGN), Capitão de Mar e Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida.
De acordo com o Diretor da DPHDM e Presidente do Conselho Editorial da Letras Marítimas, Vice-Almirante José Carlos Mathias, “a Marinha do Brasil tem uma vocação histórica para a atividade de produção editorial e até o momento, cerca de 100 livros já foram produzidos pela Força. Uma das missões da Editora Letras Marítimas é estimular o desenvolvimento da mentalidade marítima no público-leitor, e que mais pessoas tenham acesso e conhecimento sobre a história naval, afinal, a história da Marinha é a história do Brasil”.
“Da Guerra à Diplomacia”Em 11 capítulos, o leitor poderá conhecer os fatos que levaram o mundo a iniciar a Primeira Guerra Mundial e que motivaram o Brasil a participar dela, além dos esforços brasileiros para a criação da Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), o dia a dia do conflito e os desafios enfrentados pelos tripulantes, como a gripe espanhola e o risco iminente de sofrer ataques alemães.
A escolha de lançar o livro no dia 26 de outubro está relacionada aos ataques que os navios mercantes brasileiros sofreram da Marinha Imperial alemã, há 105 anos. Para auxiliar o esforço de guerra e cooperar com as marinhas aliadas, o governo de Venceslau Brás ofereceu como contribuição o envio de uma divisão naval composta de dois cruzadores, quatro contratorpedeiros, um tender e um rebocador de alto-mar para realizar patrulhas antissubmarino no triângulo formado entre Cabo Verde, Dacar e Gibraltar.
De acordo com o Capitão de Mar e Guerra Alves de Almeida, a base de apoio seria Gibraltar, subordinando os navios brasileiros ao Comando Geral Britânico nesta cidade. “A DNOG compunha um grupo-tarefa subordinado a Almirante inglês Heathcoat Grant. Foram 13 meses de operações sendo que 103 dias de operações de guerra. No entanto, o mais importante foi ao término do conflito, quando a divisão naval brasileira foi convidada a participar das comemorações pela vitória aliada contra os alemães visitando portos na Inglaterra, França, Portugal e Itália. Essa missão final de ‘mostrar’ a bandeira foi fundamental no reconhecimento por parte da comunidade internacional de que o Brasil deveria ser ouvido. Foi o que se chama atualmente em estratégia de diplomacia naval em seu mais puro sentido”.