DICAS PARA O FIM DE SEMANA DE 22 E 23 DE JANEIRO

Nem tudo são más notícias para o Vasco da Gama. O clube, que disputará a segunda divisão do Brasileiro este ano, já trouxe 12 reforços, se organiza para virar uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol), mas há um motivo especial (e como é do nosso feitio, gastronômico) para o torcedor bater no peito com orgulho e gritar “casaca”. É na sede de São Januário que se serve hoje, nada mais, nada menos, que o melhor bacalhau da cidade. Não é um título nada desprezível, afinal estamos em um estado com imensa tradição em culinária portuguesa. Nesta edição das nossas dicas para o fim de semana, apresentamos não só este sucesso de sabor e público como algumas opções, umas tradicionais, outras nem tanto, para degustar uma das mais famosas contribuições de nossos antepassados lusitanos à cozinha carioca.

Começando, naturalmente, por aquele que tem sido apontado como campeão por muita gente boa que entende do assunto. Filho de comerciantes portugueses, o carioca e engenheiro mecânico Artur Brandão, fundador do Restaurante Almirante (R. Gen. Almério de Moura, 131 – São Cristóvão. Tel: 3295-0463), cresceu valorizando uma boa comida e, em 1983, decidiu seguir os passos do pai e abriu o Restaurante Arturzão, no Grajaú, que acumulou elogios durante quase 20 anos. Em 2002, Artur decidiu dar um passo maior e inaugurou o Almirante em São Januário. O empresário vascaíno acredita que boas lembranças são feitas à mesa e por isso valoriza suas origens ao apresentar como grande destaque o Bacalhau ao Vasco da Gama (assado ao forno no azeite com batatas, cebolas, pimentão vermelho, ovo cozido e azeitona). O danado vem no ponto perfeito, crocante por fora e saborosíssimo por dentro. A porção é generosa e os ingredientes são de primeira qualidade. Convence até o mais inflexível rubro-negro. A casa tem ainda bolinhos de bacalhau imbatíveis, uma excelente opção de arroz de polvo e, claro, sobremesas portuguesas ultra engordativas.

A região do antigo Bairro Imperial é também endereço de um dos nomes mais lembrados quando se pensa em um bacalhau de qualidade no Rio. Inaugurado em 1964, e frequentado por nomes como o ex-presidente Juscelino Kubitschek ou Ulysses Guimarães, o Adegão Português (R. Campo de São Cristóvão, 212 – São Cristóvão. Tel: 96878-5550) é a escolha que nunca tem erro e com opções para todos os gostos. Um dos maiores destaques é o Bacalhau ao Lagareiro, cuja receita tem origem nas Beiras, em Portugal. A posta é assada no forno com molho de cebola e alho com açafrão, acompanhada de batatas ao murro e arroz de brócolis. Com uma filial no Rio Design Barra, outra boa pedida é o tradicional Bacalhau à João Mendes, no qual a posta é assada com batatas em rodelas e cebolas refogadas no azeite.

Bacalhau a Lagareira do Adegão

Quem preferir uma pedida menos tradicional tem mesa no Barsa, o restaurante do chef Marcelo Barcellos, localizado dentro da CADEG (R. Cap. Félix, 110 – Benfica). A casa é um achado, perfumada pelas flores e especiarias que são referência no mercado. Comece pedindo uma boa punheta (porção de bacalhau desfiado com cebola roxa, azeitonas portuguesas, ervas frescas, limão siciliano e azeite extravirgem, acompanhada de torrada de ervas). Depois de percorrer o cardápio, pergunte pelo Bacalhau da Mena (Dona Mena é a mãe do chef), com pedaços gratinados servidos com batata, rolinhos de couve, ovos cozidos, tiras de pimentão amarelo, cebola e jiló, regado com molho vinagrete de ervas frescas. O telefone para reservas é o 21 2585-2743.

A fartura dos pratos é destaque no Barsa

Fundado a cerca de 30 anos na Praia da Bica, Ilha do Governador, por imigrantes portugueses, trazendo diversas opções da terrinha, o Rei do Bacalhau da Ilha (Praia da Bica, 263 – Jardim Guanabara, Ilha do Governador. Tel: 212466-1160) sofreu grandes alterações ao longo dos anos. A troca de donos levou o restaurante a perder algumas características mais tradicionais e oferecer hoje até pizza. Mas no peixe que lhe empresta o nome a casa não perdeu a majestade. O destaque fica para a versão local do delicioso Bacalhau à Zé do Pipo (pedaços de bacalhau refogado no azeite com cebola, brócolis e purê de batata gratinado).

Clima familiar no Rei do Bacalhau da Ilha

Nossa modesta relação não poderia deixar de fora um pedacinho de Portugal em Niterói: o Gruta de Santo Antônio (R. Silva Jardim, 148 – Centro, Niterói. Tel: 21 2621-5701) comandada pelo chef Alexandre Henriques, a casa coleciona prêmios e clientes fiéis ao longo dos seus quase 40 anos de existência. A adega é de responsa e apresenta mais de 300 rótulos, naturalmente, portugueses em sua maioria. Já nas entradas, o bolinho de bacalhau recheado com Queijo Serra da Estrela tem que estar entre os seus pedidos. Já no quesito bacalhau, são 11 opções oferecidas, sendo que a mais badalada é a que leva o nome da casa. O Gruta vai abrir uma nova casa no Leblon, como você leu antes aqui.

A Gruta conta com uma adega de mais de 300 rótulos

Já na Barra da Tijuca, uma sugestão é o Tasca Filho D’Mãe (Av. das Américas, 8585 Shopping Vogue Square, nível Malibu. Tel: 21 3030-9080), com seus azulejos típicos cobrindo o balcão do bar e as caixas de madeira, usadas no transporte de bacalhau, que revestem uma das paredes, mostra como o pescado, como não podia deixar de ser, é uma das muitas referências que dão ares portugueses à casa. São sete opções de bacalhau, sendo mais convidativa a que leva o nome da casa: o Bacalhau da Tasca (lombo grelhado com caponata do chef, espuma de baroa e prangattato _uma espécie de farinha de pão italiano).  Mas se quiser combinar uma experiência gastronômica de primeira, com direito a uma vista espetacular da Lagoa da Tijuca e suas montanhas, a pedida é a Adega Santiago (Shopping Village Mall, Avenida das Américas, 3900, segundo piso. Tel: 21 3900-1605). Se há uma estrela no vasto cardápio da Adega é o bacalhau, que aparece em diferentes preparações, com destaque para a Tibornada de bacalhau (grelhado e servido em lascas com batatas ao murro e cebolas). Do forno a lenha, saem o Bacalhau com broa (coberto por uma casquinha crocante de farofa de broa portuguesa), e a Bacalhoada na lenha, (feita como manda o figurino, com pimentões, tomate, cebolas, batatas, ovos e azeitonas). O forno a lenha tem grande importância na cozinha da casa – a combinação da madeira com as altas temperaturas, que podem chegar a 400°C, confere um toque defumado e uma textura diferente aos pratos.

Adega Santiago e sua vista espetacular

E não há como pensar em opções de bacalhau sem pensar em casas portuguesas e sentir aquela saudade danada do Antiquarius, durante muito tempo o melhor e mais badalado restaurante do Rio. Depois do fechamento ele gerou filhotes, como você confere neste post, entre eles, destaca-se o Gajos D’Ouro (Rua Prudente de Moraes, 1008 Ipanema. Tel: 3449-1546 / 3449-1583), eleito em 2020 pela VEJA Rio o melhor portuga da cidade. Entre doze receitas de bacalhau da casa, que reúne 70% dos antigos funcionários do Antiquarius, o preparo à lagareiro traz a posta de lombo do peixe empanada, lascas douradas de alho, cebola e azeitonas verdes guarnecidas de batatas cozidas e brócolis no azeite. Opções para apreciar um bom bacalhau neste fim de semana calorento, como se vê, são muitas. Com um bom vinho verde geladíssimo, você terá uma refeição dos deuses. Aproveite!